Por George MacDonald
“Mas
se Deus é tão bom como você o representa, se ele conhece todas as necessidades,
e muito melhor que nós mesmos, por que deveria ser necessário pedir-lhe coisa
alguma?”
Respondo:
Que tal ele souber que a oração é aquilo de que necessitamos acima de tudo? Que
tal se o principal objetivo da idéia divina de oração for a de suprir nossa
grande, nossa infinita necessidade – a necessidade que temos dele mesmo? Que
tal se o ponto positivo de todas as nossas necessidades menores e mais baixas
consiste nisso: que elas podem nos levar a Deus?
A
fome pode conduzir a criança fugitiva de volta para casa, e ela pode ser
imediatamente alimentada ou não, mas precisa de sua mãe mais do que do jantar.
A comunhão com Deus é a única necessidade da alma acima de todas as outras
necessidades; a oração é o começo dessa comunhão, e alguma necessidade é o
motivo dessa oração. Nossas carências existem para que entremos em comunhão com
Deus, nossa carência eterna.
Se
gratidão e amor imediatamente acompanhassem o suprimento de nossas necessidades,
se Deus nosso Salvador fosse o único pensamento de nosso coração, então poderia
ser desnecessário pedir alguma coisa de que precisamos. Mas, sendo que tomamos
nossos suprimentos como questão natural, sentindo como se viessem do nada, ou
da terra, ou de nosso pensamento – e não de um coração de amor e de uma vontade
que é força única – é necessário que tenhamos de sentir pelo menos alguma
necessidade para podermos procurar o único capaz de suprir a todas elas e
encontrarmos em todos os dons uma janela para o seu coração de verdade.
Assim
começa uma comunhão, uma conversa com Deus, uma unificação com ele, que é o
único objetivo da oração, mais ainda, da própria existência em suas infinitas
fases. Pedimos para podermos receber; mas não é o objetivo de Deus, quando ele
nos faz orar, conceder-nos os pedidos referentes às necessidades inferiores,
pois ele poderia nos dar tudo sem oração alguma. Para sentar seu filho no colo,
Deus retém suas dádivas.
- Texto extraído do livro: “A Biblioteca de C. S. Lewis”; BELL, James S. & DAWSON, Anthony;
Ed. Mundo Cristão. P. 194,195
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