Escola Bíblica Dominical – 10 dezembro de 2017 | Lição 11
Texto
Áureo: Rm 8.15
Aqui, Paulo mais uma vez utiliza a
idéia do Êxodo do Egito. A glória de Deus guiou seu povo adiante, em vez de
levá-los a retroceder à escravidão (Êx 13.21; Ne 9.12; Sl 78.14). Embora
somente poucos judeus romanos falassem o ARAMAICO, provavelmente conheciam a
passagem em que Jesus se dirigiu ao Pai como Aba em seu momento de sofrimento.
A adoção romana – que poderia ocorrer em qualquer idade do individuo – cancelava
todas as dívidas e relacionamentos anteriores da pessoa adotada, definindo
totalmente o novo filho da perspectiva do relacionamento com o novo pai, de
quem ele se tornava herdeiro.
Verdade
prática: A obra de
salvação de Jesus Cristo nos possibilitou ser adotados como filhos amados de
Deus.
“O Filho de Deus se fez homem para que
os homens pudessem tornar-se filhos de Deus.”
– (LEWIS,
C. S.; Cristianismo Puro e Simples; Martins
Fontes, p. 236).
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE: Romanos
8.12-17
REFLEXÃO E OBJETIVO DA LIÇÃO:
I.
Apresentar o conceito bíblico de
adoção;
II.
Explicar a adoção no tempo presente;
III. Compreender a adoção plena no futuro.
INTRODUÇÃO:
a. A adoção espiritual é uma
bênção proveniente da obra salvífica de Cristo Jesus. Isso significa que
deixamos a condição de criaturas, servos e servas do pecado, para viver a
condição de filhos libertos que desfrutam dos privilégios da obra de salvação.
b. A adoção é
o ato de Deus pelo qual ele nos torna membros de sua família. (a Constituição assegura
direitos iguais entre filhos adotivos e biológicos).
c.
Parte desta herança já foi entregue aqui neste mundo; mas a plenitude dela será
entregue no céu:
E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos
do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como
filhos, a redenção do nosso corpo. - Romanos 8:23 (NVI)
I
- O CONCEITO BÍBLICO DE ADOÇÃO
1. Conceito bíblico e teológico.
a. No sentido bíblico, o ser humano caído em pecado é uma criatura e
não filho de Deus. Para se tornar filho de Deus é preciso crer no sacrifício
vicário de Cristo para então ser recebido pelo Pai como filho por adoção (Jo
1.12; Cl 4.5)
b.
A adoção ocorre ao mesmo tempo que a conversão, regeneração, justificação e
união com Cristo (porém são fatos distintas). Trata-se da condição em que o
cristão passa a viver e a agir desse ponto em diante.
c.
Precisamos nos atentar para não cairmos no conto da “Paternidade universal de Deus”, doutrina herética que diz que
independente da pessoa crer ou não em Jesus ela é de igual modo filho de Deus.
d.
No entanto, a Bíblia é contrária a este ensino, pois, os que não creem em
Cristo não são filhos de Deus ou adotados em sua família; pelo contrário, são “filhos da ira” (Ef 2.3RA) e “filhos da desobediência” (Ef 2. 2;
5.6).
e. Ao nos tornarmos filhos de Deus, passamos a
gozar do que se denomina espírito de filiação. Ou seja, o cristão olha com
ternura e confiança para Deus, como a um Pai, e não como a um feitor de
escravos ou a um capataz (Jo 15. 14,15). (Do tribunal [justificação] à sala de
casa [adoção]).
f.
Passamos a desfrutar de um
relacionamento com Deus que homem nenhum, sem Cristo, pode desfrutar (nosso
relacionamento que fora quebrado no Éden é restaurado).
2. Benefícios da adoção.
a. Fazer
parte de uma família, e nesse caso da família de Deus (Ef 2.19), traz inúmeros
benefícios: segurança, confiança e sentido de pertencimento a uma casa eterna.
Este termo lembra um lugar de refúgio, paz e descanso. Nesse sentido, num mundo
conturbado em que vivemos, encontrar a casa do Pai é um grande alívio e um
antídoto contra as perturbações, angústias e aflições nos dias atuais. Além
disso, a adoção divina nos tira o senso de inferioridade que o pecado carrega,
nos coloca num lugar elevado, tirando-nos "da potestade das trevas" e
transportando-nos "para o Reino do Filho do seu amor" (Cl 1.13).
b. O senso de pertencimento nos faz
seguros e confiantes de que somos amados por Deus, e que não precisamos
mendigar o amor de ninguém:
“Vejam como é grande o amor que o Pai
nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por
isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.” – 1 João 3:1 (NVI)
c. A adoção implica que o cristão recebe
o cuidado paterno de Deus:
“Filósofos
pagãos como Aristóteles chegaram à existência de Deus por meio da razão humana
e se referiram a ele em termos vagos e impessoais: causa incausada, motor
imóvel. Os profetas de Israel revelaram o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó
de maneira calorosa, mais compassiva. Mas somente Jesus revelou a uma
comunidade judaica atônita que Deus é verdadeiramente Pai. Se você tomasse o
amor de todas as melhores mães e de todos os melhores pais que viveram no curso
da história humana, toda a bondade deles, toda a paciência, fidelidade,
sabedoria, ternura, força e todo amor e reunisse todas as qualidades numa única
pessoa, o amor dessa pessoa seria apenas uma pálida sombra do amor e da
misericórdia presentes no coração de Deus Pai direcionado a você e Amim neste
momento.”
– (MANNING,
Brennan; O anseio furioso de Deus; Mundo
Cristão, p. 31).
3. Herdeiros da promessa.
a. O Espírito Santo testifica ao nosso coração que somos filhos de Deus
(Rm 8.16). Somos filhos porque fomos adotados pelo Pai, passamos a fazer parte
de sua família e a desfrutar do privilégio de sermos os seus herdeiros (Tt 3.7;
Rm 8.17). Por meio da adoção divina, deixamos de ser escravos, sem herança nem
direito, para nos tornarmos filhos portadores de todos os privilégios da casa
do Pai (Gl 4.7). Logo, temos uma herança incorruptível, incontaminável e
imarcescível que está reservada nos céus para nós (1Pe 1.4).
b. Agora nós temos a boa vontade do Pai.
Uma coisa é sermos perdoados pelo fato de ter sido paga a pena aplicável aos
nossos erros. Isso, porém, pode significar simplesmente que não seremos punidos
no futuro. O criminoso, por exemplo, pode cumprir sua pena; porém, ele não será
visto com bons olhos pela sociedade. Sempre haverá suspeita, desconfiança,
animosidade.
c. Com o Pai, no entanto, há amor e a boa
vontade de que tanto precisamos e que tanto desejamos.
d. Ele é nosso assim como somos dele e,
por meio da adoção, estende a nós todos os benefícios que seu amor imensurável
pode oferecer.
SÍNTESE
DO TÓPICO I
A fé no sacrifício vicário de Jesus
Cristo nos faz filhos de Deus.
lI
- A ADOÇÃO NO TEMPO PRESENTE
1. Parecidos com o Pai.
a. O apóstolo João afirma que há uma esperança dos que
são chamados filhos de Deus (1 Jo 3.3): "Amados, agora somos filhos de
Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele
se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos"
(1Jo 3.2). Aguardamos solenemente por esse dia. Entretanto, portamos a imagem
de Deus hoje (Gn 1.26) e, uma vez em Cristo, essa imagem é potencializada pela
manifestação do amor de Deus em nós (Ef 5.1,2; Jo 14.21), porque Deus é amor
(1Jo 4.8). Quem é filho de Deus tem o "DNA" do Pai impregnado nele.
Em Cristo, somos filhos do mesmo Pai (Is 64.8; Jo 14.20) e, por isso, temos a
garantia da filiação eterna para sermos livres da condenação do
pecado.
b. A proposta bíblica não é se “sermos parecidos com o Pai”, conforme diz a revista, mas com o
Filho (pois estamos falando de Pessoas distintas dentro, entretanto, da
Natureza do Único Deus):
“Porque os que dantes
conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” – Romanos 8:29
(ACF)
c. Pai, nós só temos Um; irmãos, nós temos milhares de
milhares; tudo isso só foi possível por causa do Único Filho de Deus, Jesus,
que não se “envergonha de nos chamar de
irmãos” (Hb 2.11).
d. Tomei este cuidado justamente para não cairmos no herético
ensino chamado “patripassionismo”,
que decorre a ideia que, na verdade, o
Filho era Deus Pai manifestado numa forma diferente e, portanto, o Pai sofreu e
morreu na cruz na pessoa do Filho. (ERICKSON, Millard.; Dicionário Popular de Teologia; Mundo Cristão, p. 147).
e. Somos adotados para sermos filhos de
Deus; o Espírito Santo está fazendo a obra em nós para sermos parecidos com o
Filho de Deus; para que, a exemplo do Filho de Deus, sejamos submissos ao Pai
(conforme Ele foi nesta terra).
f. A única referencia, entretanto, que a
Bíblia faz uma referencia direta a sermos iguais ao nosso Pai, é no que
concerne a sua perfeição; isto é, tratar a todos com bondade, justiça e
misericórdia (Mt 5.48; Lc 6. 35-36). Ou seja, a perfeição aqui não é um nível
de santidade elevado, mas o jeito que nós tratamos o próximo, principalmente os
ingratos e maus.
g. Mas o alvo proposto pela Escritura é
sermos parecidos (em caráter de filiação) com o Filho:
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós.” – Gálatas 4:19 (AFC)
2. Ser amado pelo Pai.
a. O processo
de adoção pelo qual passamos ao aceitar a obra de salvação de Cristo é a prova
do grande amor de Deus por nós, os seus filhos (1Jo 3.1). Assim, a culpa do
pecado, as angústias do medo da perdição eterna e a escravidão do pecado não
nos afrontam mais, pois em Cristo, não há mais condenação (Rm 8.1). Aqui,
podemos compreender exatamente o que o apóstolo João quis dizer, quando
maravilhado, afirmou: "nós o amamos porque ele nos amou primeiro"
(1Jo 4.19).
b. Muitos cristãos permanecem temerosos, pois apegam-se ainda à
idéia de um Deus muito diferente da que foi pregado por Jesus.
c. Vez após outra Jesus declarou que o medo é o inimigo da
vida:
ü Não temas, crê somente
(Lc 8.50) – [Jairo]
ü Não temais, ó
pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino (Lc
12.32).
ü Tende bom ânimo! Sou
eu. Não temais! (Mt 14.27) [na tempestade]
d. O Reformador de
Genebra, João Calvino, dizia que, “Deus
jamais encontrará em nós algo digno de seu amor, senão que Ele nos ama porque é
bondoso e misericordioso”.
e. Que grande segurança nos é apresentada ao saber que Ele nos
amou primeiro, e que, por isso, podemos ter absoluta certeza de que Ele jamais
deixará de nos amar.
3. Os direitos e os deveres na adoção.
a. Por
intermédio da adoção espiritual, os filhos de Deus têm alguns direitos
espirituais:
ü Foram
legitimamente enxertados na Boa Oliveira, que é Cristo (Rm 11.17);
ü Passarão a
ter um novo nome (Ap 2.17).
ü Passaram a
fazer parte de uma nova família (Ef 2.19).
ü Foram
emancipados da lei que gera morte (Gl 3.25).
ü Todos os
povos e raças, desde que tenham recebidos a Cristo, tornam-se filhos de Deus
sem distinção (Gl 3.28).
b. Mas da mesma forma que temos direitos, também temos deveres
espirituais:
ü Apartar-se
do mundo [conforme com o que a
Bíblia diz, e não de acordo com que ensina alguns religiosos] e do que é imundo (2 Co 6.17,18; Ap 21.7).
ü Praticar a
justiça e amar o irmão (1Jo 3.10).
ü Buscar a
perfeição do Pai (Mt 5-48).
ü Amar os
inimigos, bendizer os que maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos
que nos maltratam e perseguem (Mt 5.44).
ü Glorificar a
Deus por meio de todos esses deveres espirituais (Mt 5.16).
SÍNTESE
DO TÓPICO II
Mediante a adoção, hoje somos filhos de
Deus.
III
- A ADOÇÃO PLENA NO FUTURO
1. Filhos eternos.
a. Nós somos filhos de Deus a
caminho da nossa morada eterna prometida:
“Na
casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou
preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e
vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” – João
14: 2,3 (ACF)
b. No
entanto ainda não chegamos lá; por esta razão, teremos aflições, lutas,
tristezas, decepções etc.:
“Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não
atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se
vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. – 2 Coríntios 4:17,18
2. Esperando a adoção completa.
a. Embora estejamos adotados na família de Deus (1Jo 3.1), só
conheceremos a plenitude do que realmente isso significa quando o Senhor nos
ressuscitar dentre os mortos (1Ts 4.17). Então, receberemos a herança completa
do Pai Celestial e viveremos eternamente em sua maravilhosa presença.
b. Vivemos, portanto, no “já, mas ainda não”. O Reino JÁ chegou,
mas NÃO em sua plenitude, o que somente irá acontecer depois da segunda vinda
de Jesus.
3. A casa do pai.
a. Uma vez
filhos de Deus, somos peregrinos em terra estranha (l Pé 2.11), por isso
experimentamos os infortúnios e as dores do tempo presente (Rm 8.22,23).
"Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo" (Fp 3-20). Ansiamos pelo momento em que adentraremos
à casa do Pai Eterno, e habitaremos com Ele eternamente. Ali, nossa relação com
o Pai não se dará provisoriamente, mas num tempo ininterrupto, em que estaremos
para sempre diante de sua santa presença (Ap 22.3-5).
b. O mundo jaz no maligno e por isso não podemos esperar ser
saciados através das coisas que ele nos oferece.
“Se eu descubro em mim
mesmo um desejo que nenhuma experiência deste mundo consegue satisfazer, a
explicação mais provável é que fui criado para outro mundo”. – C. S. Lewis
c. Ainda, Lewis:
“A experiência humana
sugere a existência de outro mundo mais maravilhoso, no qual reside nosso
verdadeiro destino, mas, atualmente, estamos do lado errado da porta que dá
acesso para ele”.
SÍNTESE
DO TÓPICO III
Como filhos de Deus desfrutaremos de
uma alegria plena na ocasião da gloriosa vinda de Jesus Cristo.
CONCLUSÃO
1.
Precisamos não somente estudar esta
doutrina, isto é, da adoção, mas se apoderar dela como verdade absoluta e
normativa para a nossa caminhada como filhos de Deus.
2. A pergunta 74 do Catecismo Maior de Westminster [ver em Monergismo], explicando o que é adoção, diz:
“Adoção é um ato da livre graça de
Deus, em seu único Filho Jesus Cristo e por amor dEle, pelo qual todos os que
são justificados são recebidos no número dos filhos de Deus, trazem o seu nome,
recebem o Espírito do Filho, estão sob o seu cuidado e dispensações paternais,
são admitidos a todas as liberdades e privilégios dos filhos de Deus, feitos
herdeiros de todas as promessas e co-herdeiros com Cristo na glória.” – (1 João
3:1; Ef. 1:5; Gal. 4:4-5: João 1:12; II Cor. 6:18;)
3. Ninguém é filho de Deus enganado, pois
“o próprio Espírito testemunha ao nosso
espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).
Soli Deo
Gloria!
Fabio Campos
Aula ministrada na ICT – J - dia 10/12/2017
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Bibliografias:
Escola Bíblica
dominical. Adotados
por Deus. 4º trimestre de 2017; CPAD; lição 11.
KEENER, Craig
S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. Editora Vida Nova, 1°
edição 2017
LEWIS, C. S.
Cristianismo puro e simples. São
Paulo, SP; Martins Fontes, 2014.
ERICKSON, Millard
J. Introdução à Teologia Sistemática.
São Paulo, SP; Vida Nova, 1997.
GRUDEM, Wayne. Manual de
Doutrinas cristãs. Vida Acadêmica, 1999. São Paulo, SP
MANNING, Brennan.
A assinatura de Jesus. São Paulo,
SP; Mundo Cristão, 2006.
ELWELL, Walter. Enciclopédia
histórico-teológica da igreja cristã. São Paulo, SP; Vida Nova, 2009.