Escola Bíblica Dominical – 8 de outubro de 2017 | Lição 2
Texto
Áureo: Êx 6.6
Verdade
prática: A
libertação do povo israelita vislumbrava um plano divino maior: libertar e
salvar a humanidade.
Leitura
bíblica em classe: Êxodo
12.21-24, 29
REFLEXÃO E OBJETIVO DA LIÇÃO:
I-
Mostrar como se deu a instituição da
Páscoa;
II-
Explicar a importância e o significado
do cordeiro da Páscoa;
III-
Tratar a respeito da relevância e do
significado do sangue do cordeiro na Páscoa.
INTRODUÇÃO:
a.
Essa antiga festa que acontece na
primavera está associada ao episódio histórico da saída de Israel do Egito. Êxodo
12.13 é explicado etimologicamente: “passando
sobre” as casas dos hebreus que exibiam o sinal do sangue, quando o Senhor feriu
a terra do Egito. O sangue do cordeiro morto no décimo quarto dia do primeiro
mês deveria ser colocado sobre a verga da porta e em ambas as ombreiras, para
proteger os primogênitos dos hebreus (Êx 12.15ss.).
b. O Senhor
institui esta festa justamente para trazer à memória do povo o modo pelo qual
Ele os salvou e misericordialmente (pois o Senhor escutou o clamor dos
israelitas) os livrou da opressão e sofrimento causado pelos egípcios.
c.
Hoje não celebramos uma festa, mas uma Pessoa, pois “Cristo, nossa páscoa, foi
sacrificado por nós” (1 Co 5.7).
I.
A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA
1. O livramento nacional.
a.
Para
o povo de Israel, a Páscoa representa o que o dia da independência significa
para um país colonizado por uma metrópole. Mais ainda, essa magna celebração
significa a verdadeira libertação experimentada por uma nação, expressada pela
liberdade espiritual do povo para servir ao Deus Criador (Êx 12.1-13,16).
b.
São acontecimentos anunciados desde o princípio do mundo, desde A história bíblica
é escrita com um propósito, e o propósito é atestar os atos graciosos de Deus. Israel
compreende sua liberdade como um milagre operado por YHWH que, com “poderosa mão e com braço estendido”
levou seu povo para fora do Egito (Dt 26.8).
c.
Ainda que o livramento de Deus para com o povo no Egito tenha o aspecto físico –
opressão e sofrimento – o propósito de Deus em libertar o seu povo foi com um fim
totalmente espiritual:
“Agora, deixe-nos fazer uma caminhada de três dias,
adentrando o deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor nosso Deus.”
– Êxodo 3:18
2.
A libertação da escravidão.
a.
Os israelitas habitaram por aproximadamente 430 anos no
Egito (Êx 12.40). Na maior parte desse tempo, eles experimentaram a dominação,
a escravidão e a humilhação. Ser escravo no Antigo Oriente era estar sob a
dependência política, econômica e social de outra nação. A religião a ser
professada pelo povo escravo era a da nação dominadora, logo, não havia
dignidade nacional para a escrava.
b. As Para os profetas, o Êxodo é um fato
central na história de Israel. Israel conhece YHWH principalmente como aquele
que tirou seu povo da escravidão do Egito, e o guiou pelo deserto lhe dando
estatutos e ordenanças (Ez 20.9-11). Ezequiel parece associar a instituição do
sábado à história da
redenção do Egito (20.12), e a “lascívia
e... prostituição” de Israel é uma triste herança trazida da casa da
escravidão (23.27).
“Assim darei um basta à lascívia e à
prostituição que você começou no Egito. Você deixará de olhar com desejo para
essas coisas e não se lembrará mais do Egito.” – Ezequiel 23:27
c. Deus livrou o seu povo da opressão e
sofrimento, escutando o clamor dos israelitas; porém, o Egito (e suas delícias)
ainda estava dentro deles; a maior obra ainda estava por vir, isto é, através
da Nova Aliança feita por intermédio de Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o
nosso coração de pedra e nos dá um coração de carne, onde toda a lei agora é
escrita no mais íntimo de nosso ser.
3. A nova celebração judaica.
a.
Na
noite em que libertou o seu povo do Egito, o Senhor ordenou que celebrasse o
dia da apressada fuga; foi-lhes ordenado que comecem o seu cordeiro pascal com
pão não levedado:
“... cinco no lugar, sandálias nos pés
e cajado na mão. Comam apressadamente.”
– Êxodo 12.11
b. Deus ia matar os primogênitos homens
de todos os egípcios naquela noite, e se esperava que os judeus estivessem preparados
para sair imediatamente.
c. Não lhes foi permitido comer nada
fermentado, nem ter fermento em suas casas (Êx 12. 19,20), pois o processo de
fermentação tomava tempo, e a ocasião exigia pressa.
SÍNTESE
DO TÓPICO I
A Páscoa foi instituída por Deus.
II.
O CORDEIRO DA PÁSCOA
1. O cordeiro no Antigo Testamento.
a. No Antigo Testamento, o cordeiro constituía parte fundamental
dos sacrifícios oferecidos para remissão dos pecados. Ele foi introduzido na
cultura dos israelitas quando Deus libertou o seu povo, conforme nos relata
Êxodo 12.3-10.
b. O cordeiro a ser sacrificado deveria ser macho, sem defeito e
com um ano de idade (Êx 12.5)
c. Tudo isto apontava para Jesus, o Nosso Cordeiro pascal.
d. Antes da polêmica dos comentaristas judaicos contra os
cristãos, que os levou a procurarem outra explicação, o cordeiro em Is 53 era
identificado com o Messias como servo de Deus. Esta identificação de Jesus, o
Messias, com o Cordeiro de Deus era algo certo para João Batista (Jo 1.20, 23,
29):
“(Jo 1.20) Ele confessou e não negou;
declarou abertamente: "Não sou o Cristo". (Jo 1.23) João respondeu com as palavras do profeta Isaías:
"Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para o
Senhor’. (Jo 1.29) No dia seguinte
João viu Jesus aproximando-se e disse: "Vejam! É o Cordeiro de Deus,
que tira o pecado do mundo!”
e.
As palavras ditas por João Batista não
foram frutos de seu próprio entendimento, mas das Escrituras que ele conhecia
muito bem:
“Ele foi oprimido e
afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o
matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele
não abriu a sua boca.” – Isaías 53:7 (NVI)
2. Jesus, o verdadeiro Cordeiro pascal.
a. A páscoa cristã é o memorial de como Deus substituiu os
sacrifícios temporários por um único e definitivo. Nesse aspecto, o cordeiro do
Antigo Testamento era sombra do apresentado no Novo, "morto desde a fundação do mundo" (Ap 13.8).
b. A páscoa é uma festa judaica; nós, cristãos, não podemos assisti-la
como fazem os judeus. Tudo isto, o ritualismo do Antigo Testamento são sombras
do que já veio, o Cordeiro de Deus que tirou o pecado de uma vez por todas (Hb
9.26).
“Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício
pelos pecados, está assentado à destra de Deus.” – Hebreus 10:12
c. Deus nos purificou e nos fez dignos de "assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Ef
2.6). Agora, uma vez em Cristo, somos santificados, justificados e perdoados
(Rm 5.1,2; 8.1).
SÍNTESE
DO TÓPICO II
O cordeiro da Páscoa apontava para
Jesus, o Cordeiro Deus.
III
- O SANGUE DO CORDEIRO
1. O significado do sangue.
a. A primeira abordagem da Bíblia acerca
dos sacrifícios está no livro de Gênesis (Gn 3.21; 4.1-7). O sacrifício de
animais era uma forma de lidar com os problemas do pecado, quando este destruiu
a paz entre Deus e a humanidade (Is 59.2). O sacrifício era oferecido para
expiação dos pecados do transgressor, em que este era perdoado e, mediante essa
expiação, tinha a sua relação com Deus restabelecida.
b. Devido
à importância que tem para a manutenção da existência, o termo era usado com
freqüência como sinônimo de vida. No AT a palavra ocorre 362 vezes, das quais
203 indicam morte violenta e 103 sangue de sacrifício.
c.
O texto mais direto nesse sentido (Lv
17.11) anuncia que “a vida da carne está
no sangue” e que a expiação é feita por meio de sangue “em virtude da vida”. O maior símbolo, e principal elemento desse ritual, era o
sangue do animal sacrificado.
d. Os ritos sacrificiais apontavam consistentemente
para a gravidade do pecado, e o derramamento de sangue nos sacrifícios foi prescrito
como um ato aceitável de substituição do sangue do pecador, e um ato de
expiação por meio do qual esse pecador tem sua comunhão com Deus restaurada.
e. As passagens em que o sangue de Cristo
é mencionado (i.e. Cl 1.20) apontam claramente a morte de Cristo. A
justificação alcançada pelo sangue de Cristo (Rm 5.9) é comparado à declaração
que menciona a reconciliação do pecador com Deus “mediante a morte do seu Filho” e a salvação “pela sua vida” (Rm 5.10).
2. O sangue do cordeiro pascal.
a. Antes do advento da última praga sobre
os egípcios, Deus ordenou aos judeus que preparassem um cordeiro para cada
família (Êx 12.3). A orientação era a seguinte: após matarem o cordeiro, os
israelitas deveriam passar o sangue da vítima nas ombreiras e no umbral da
porta de suas casas (Êx 12.7). Isso serviria de sinal para que quando o Senhor
passasse e ferisse os primogênitos do Egito, conservasse a vida dos israelitas
intacta (Êx 12.13).
b. Por esta razão, a páscoa judaica não é
uma festa cristã; apenas prenunciou a vinda do Messias.
c. Isso se comprova pelo fato de que as
antigas leis tiveram que ser modificadas. Os cultos centralizados em Jerusalém dificultaram
algumas práticas.
d. A mancha de sangue nos umbrais da
porta deveria ser completada com o borrifar do sangue no altar (cp. 2Cr 30.16; 35.11).
A regra de comer o cordeiro na casa foi, de acordo com o Talmude, modificada
para as casas em Jerusalém apenas (cp. Pes 9.12; mas cp. Jub 49.20).
e. O sangue de Jesus Cristo, o verdadeiro
Cordeiro, nos protege da morte eterna. A libertação do Egito e o
estabelecimento na terra de Israel são considerados como o selo da lealdade de
YHWH para com as promessas da aliança (cp. Mq 6.3s.). O tema da Páscoa como a
festa da libertação é transportado para o NT.
f. Tal como o sangue do cordeiro pascal
que livrou o povo da morte, assim também o sangue de Jesus nos livra da morte
espiritual e da condenação eterna.
3. O sangue da Nova Aliança.
a. A atividade messiânica de Jesus alcança seu clímax nos
eventos de sua Última Páscoa. De acordo com João, a crucificação aconteceu no
primeiro dia da “Páscoa” (usado aqui aparentemente como uma designação da Festa
dos Pães Asmos).
b. Em o Novo Testamento, ao celebrar a Páscoa na última ceia,
Jesus afirmou que o seu sangue era o
símbolo da Nova Aliança (Lc 22.14-20); era o real cordeiro, bem como o
verdadeiro sacerdote, sendo o sacrifício e o oficiante ao mesmo tempo. Por essa
razão, o livro de Hebreus afirma que Cristo é o mediador da Nova Aliança e,
mediante seu sangue, redime de modo efetivo ao que crê (Hb 12.24).
c. Jesus inseriu um novo elemento na celebração da páscoa, o
vinho.
d. Não havia vinho especificado para a festa da páscoa. Ao
instituir a refeição da Nova Aliança, Jesus incluiu especificicamente o vinho.
e. O fato curioso é que Jesus deu ênfase justamente no vinho,
ou seja, no cálice: “É a nova aliança no
meu sangue”. Ele não disse isso do pão. A aliança é no sangue, no cálice.
f. Desse modo Cristo fez da Igreja um povo de verdadeiros
sacerdotes com autoridade e legitimidade para partilhar da intimidade com Deus,
para interceder uns pelos outros e anunciar as boas novas dessa Nova Aliança
(1Pe 2.9).
SÍNTESE
DO TÓPICO III
O sangue do cordeiro pascal apontava
para o sacrifício perfeito do Cordeiro de Deus.
CONCLUSÃO
1.
A páscoa representa para os:
® EGÍPCIOS – O juízo divino sobre o
Egito.
® ISRAELITAS – A saída do Egito, a
passagem para a liberdade.
® CRISTÃOS – A passagem da morte dos
nossos pecados para a vida de santidade em Cristo.
2. Jesus é a nossa páscoa; não celebramos
uma festa, pois, n’Ele a vida já é uma festa; não há mais separação; não há mais
condenação. Estamos em paz com Deus para a eternidade.
Soli Deo
Gloria!
Fabio Campos
Aula ministrada na ICT – J - dia 08/10/2017
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Bibliografias:
Escola Bíblica
dominical. A obra da
salvação. 4º trimestre de 2017; CPAD; lição 02.
TENNEY, Merrill
C. Enciclopédia da Bíblia. São Paulo, SP; Cultura Cristã.
MCDURMON, Joel. O
que Jesus beberia? Editora Monergismo, 2012. Brasília,
DF.