Por Fabio Campos
Texto
base: “Mas eles ficaram em
silêncio.” – Marcos 3.4c
A apologética
(defesa equilibrada da fé) sempre teve cadeira cativa no cerne do cristianismo.
Batalhar pela fé não é opção, mas mandamento a todos os cristãos (Jd 1.3). Não existe
nenhuma doutrina do cristianismo que tenha surgido do nada. Cada crença quer
considerada “ortodoxa” (teologicamente
correta) ou “herética”
(teologicamente incorreta), nasceu de um desafio. O desafio pode ter sido uma
distorção do evangelho com mensagem pretensamente cristã ou uma crença popular
ou prática espiritual considerada não-bíblica ou antitética à fé autêntica.
Com
efeito, a apologética além de nos ter entregado o cânon do Novo Testamento
(através da condenação de Marcião como herege, que fez a uma distinção entre o
Deus do Antigo Testamento e o Deus do Novo Testamento), também formulou as “doutrinas fundamentais do cristianismo”.
Mesmo uma pergunta aparentemente estranha, como: “Quantos anjos conseguem dançar na cabeça de um alfinete?”, a
resposta disto deu uma grande contribuição para podermos pensar a respeito da
natureza de seres espirituais não-humanos, como os anjos, para refutar a ideia
de que seriam seres materiais que ocupam espaço.
É fácil
desprezar, portanto, a apologética quando já se possui em mãos tudo pronto àquilo
que foi realizado com suor, lágrimas e muito sangue (muitos morreram por isso).
Por
outro lado, principalmente devido ao avanço das redes sociais; ou seja, qualquer
pessoa equilibrada ou não pode fazer apologética e debater publicamente (mesmo despreparadas)
sobre as posições doutrinárias mais complexas. Por isso, esse ramo tão
importante da teologia tem se tornado, muitas vezes, ferramenta de satanás nas mãos
de alguns “filhos de Deus”. Sei que parece contraditório, mas não é. Qualquer
coisa, ainda que legítima, mas que, tire o foco daquilo que se encontra na
lista das prioridades de Deus se torna astúcia do satanás.
Certa
vez, Jesus entrou na sinagoga e havia ali um homem que tinha a mão atrofiada.
Os que estavam com Ele reunidos, principalmente os fariseus (que observavam os mínimos
detalhes da lei), analisavam Jesus para ver se o curaria em dia de sábado a fim
de o acusarem. Jesus chamou aquele homem com a mão atrofiado à frente, e
perguntou a todos se era licito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar
a vida ou tirá-la? (Mc 3.1-4).
Ninguém
ousou responder; Jesus, porém, INDIGNADO e CONDOÍDO com a dureza de seus
corações, disse ao homem para estender a mão. Aquele rapaz que estava com a sua
saúde física comprometida (o que também afetava todo o resto já que ele
dependia do seu corpo para realizar seus afazeres), agora estava completamente
curado. Isto seria com toda certeza um grande motivo de alegria, certo? Não,
infelizmente! Os DEFENSORES da lei passaram a tramar contra Jesus para lhe
tirar a vida (Mc 3.6).
Muitos
nos dias de hoje são como aqueles que se encontravam naquela sinagoga. Estão
mais preocupados em defender o seu ponto de vista teológico do que salvar uma
vida. As Escrituras sempre deram prioridade a vida, pois o sábado, como está
escrito, foi criado por causa do homem e não o homem por causa do sábado. Deus
nos deu a ortodoxia por causa do homem e não o homem por causa da ortodoxia.
Muitos
me perguntam sobre a minha posição soteriológica; se sou arminiano ou
calvinista. Respondo, de forma irônica (confesso!), que sou “católico não
romano, porém luterano”. Risos...
É
interessante quando alguns irmãos exigem de você, com toda contundência, um posicionamento
a respeito disso, entre calvinismo e arminianismo. O que me parece neste tipo
de situação é que fora destas duas vertentes não há salvação.
Me sinto pressionado
de todos os lados. Se eu falo que sou pentecostal reformado, os calvinistas dizem
que estou fora. Se disser o mesmo aos arminianos (já que a maioria deles é de
origem pentecostal), me descartam por conta da minha preferência pela teologia
reformada. Quando digo aos pentecostais que sou calvinista, muitos (e aqui,
neste ponto, me refiro aos desinformados) dizem que o meu posicionamento contradiz
já que os calvinistas não acreditam na atualidade dos dons. Se eu chegar para
um católico romano e disser que sou “católico” (no sentido literal do termo, onde
significa “Universal”), eles afirmam que me encontro fora dos padrões da igreja
papista pelo fato de considerar atentamente as ideias de Martinho Lutero.
Veja,
meus irmãos, o quão difícil é para eu bater o martelo sobre o um posicionamento
a acerca destas questões. De fato, tenho minhas preferências, mas não quero
fazer disto a minha causa prioritária e nem angariar prosélitos para a teologia
que acredito.
Quando
olho para Cristo; sua beleza, sua glória, seu esplendor; percebo que a
ortodoxia e apologética devem, antes de tudo, exaltá-lo acima das minhas convicções.
Diante d’Ele torno-me como um daqueles que estava naquele dia de sábado na
sinagoga: “... eles ficaram em silêncio” (Mc
3.4).
Minha confissão
doutrinária?
Afirmo
que Cristo é pão para o faminto, água para o sedento, veste para o nu, cura
para o ferido; e seja o que for que a alma desejar é encontrado n”Ele. (Extraído do sermão “Cristo, Totalmente Desejável”
de John Flavel).
Portanto,
suplico respeito sobre o meu desejo de não opinar a respeito destas questões.
Jesus é o meu dono! Se você achar que eu estou errado sobre isso, fale com Ele
a respeito. O que Ele disser, está dito; mas creio que já foi dito o que
realmente Deus requer de nós:
“Ele
mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: Pratique a
justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus”. - Miquéias 6:8
Não se trata de covardia, mas de prudência.
Em Cristo
Jesus, considere este artigo e arrazoe isto em seu coração.
Soli Deo
Gloria!
Fabio Campos
“A folha branca é o meu púlpito
principal.”
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Referências
bibliográficas:
OLSON, Roger. História da teologia cristã;. Vida Acadêmica, 2009. São Paulo, SP