Por Fabio Campos
Texto
base: “... não sou digno de
toda a bondade e lealdade com que trataste o teu servo. Quando atravessei o
Jordão eu tinha apenas o meu cajado, mas agora possuo duas caravanas”. –
Gênesis 32:10 (NVI)
Jacó
foi alguém que mais errou do que acertou durante sua vida. Quando sua mãe
Rebeca foi dar à luz aos gêmeos, Esaú e Jacó – Jacó saiu por último “grudou” no
calcanhar de seu irmão (Gn 25.26); por isso lhe foi dado este nome que significa
“o que segura o calcanhar, suplantador”.
Ele,
junto de Rebeca, enganou Isaque seu pai para que pudesse obter o direito de primogenitura,
pertencente, de forma legal, ao seu irmão Esaú (Gn 27. 1-29). Por conta deste
episódio Jacó teve que fugir de seu irmão e foi para a casa de seu tio Labão,
pois Esaú queria matá-lo. Lá ele se casa com Lia e com Raquel, filhas de Labão;
como lhe era característico, Jacó também apronta com o seu tio, e se enriquece
nas suas custas (Gn 31.1). Entre tantas coisas, Jacó, sem dúvidas, foi um cara
que mais errou do que acertou.
Diferente
de muitos crentes de hoje, Jacó sabia que não merecia coisa alguma de Deus a
não ser juízo. Ele reconhecia suas transgressões. Jamais reivindicou cousa
alguma na presença do Deus Santo. Pelo contrário, no dia que soube que esteve,
por um momento, face a face com Deus, temeu e agradeceu por ter tido sua vida poupada
(Gn 32.30).
Jacó
jamais cantaria alguns louvores entoados nos dias de hoje em algumas igrejas
evangélicas, onde é pedido que Deus derrame sua glória (no sentido místico). Os
discípulos de Jesus sabiam da seriedade disso, e, assim como Jacó, também temeram
(Mt 17.5-6). Se você levar a sério o que está cantando, no entanto, sem sentir
temor e tremor por isso, com efeito, você ainda não entendeu o que de fato é a
glória de Deus manifesta fisicamente no meio do seu povo.
Por
muito tempo Jacó fugiu de Esaú. Em certo momento, sentiu falta do seu irmão e
quis reatar os laços fraternais. Porém, temia que seu irmão, mesmo depois de
alguns anos, ainda estivesse furioso. Sagaz como era, Jacó montou um plano de
ação (desta vez com um fim nobre, pois queria se reconciliar com Esaú!), mandando
a sua frente mensageiros dizendo, com toda humildade, que se submeteria a Esaú na
condição de servo.
Ao
receber a notícia, Esaú saiu para o encontro com Jacó, porém levou consigo
quatrocentos homens. O que dava a entender é que haveria um duelo. Ao saber
disso, Jacó temeu e se angustiou. Sob os riscos de um possível confronto,
dividiu seu povo em dois bandos, pois caso Esaú estivesse disposto a se vingar,
pelo menos um grupo permaneceria para preservar seu legado. Veja que Jacó não
se preparou para um combate; antes assumiu o risco de morrer ao invés de suscitar
uma contenda.
Aqui,
entretanto, entra a graça de Deus que estava sobre este homem. Mesmo com todas
suas falhas e pecados, Jacó orou humildemente ao Senhor, reconhecendo sua
própria miséria. Jacó exaltou, acima de tudo, a graça e a misericórdia do
Soberano que havia o escolhido ainda no ventre de sua mãe (Rm 9.10-13): “... não sou digno de toda a bondade
e lealdade com que trataste o teu servo” (Gn 32.10a).
Jacó
não atrelou a sua prosperidade ao seu esforço, santidade ou obediência, mas ao
favor imerecido que o Senhor Deus o concedera: “Quando
atravessei o Jordão eu tinha apenas o meu cajado, mas agora possuo duas
caravanas” (Gn 32.10b). Se fosse por seus méritos, o que ele poderia
ter feito com apenas um cajado?
Não
importa a situação que você esteja passando; a graça de Deus é suficiente, pois
é Ele quem faz todas as coisas (Fp 2.13). A questão mais importante na vida de
uma pessoa não é o quanto de bens que ela possua; ou o quão influente e inteligente
ela seja; o fator fundamental na vida de alguém é a convicção testificada pelo
Espírito que “a graça de Deus repousa
sobre sua vida?”
Jacó
com apenas um cajado juntou duas caravanas; pela graça de Deus, com o pouco que
você possui, mesmo que sua força esteja minguada – Deus poderá dar a mim e a
você muitos frutos, ainda que tenhamos poucas sementes (pois Ele é quem dá semente
ao que semeia).
Outra
lição preciosa que podemos tirar desta história é que, não importa o quanto
você já falhou. Jacó conhecia muito bem seus erros, e por isso, logo de início orou
reconhecendo a sua “indignidade” para
com Deus. Aqui está a diferença do homem que possui a graça do Senhor. Ele
reconheceu o quão miserável era, e suplica o favor do Deus que tem prazer na misericórdia,
Qual não despreza um coração quebrantado e contrito.
A graça
de Deus superabundou na vida de Jacó desde o ventre. Mesmo com todas suas
falhas, acusado, Jacó não deixou de orar ao Senhor. O que fica a nós de lição,
portanto, é que em Cristo nós temos acesso ao trono da graça a fim de sermos
socorridos em momento oportuno, mesmo com todas as fraquezas (Hb 4.14).
Jacó
errou bastante, mas ele nunca saiu da presença de Deus, pois sabia que tudo o
que de fato precisava se encontrava em Peniel, pelo qual se diz: “... vi Deus face a face e minha vida foi
poupada!”
Em
Cristo Jesus, considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,
Soli
Deo Gloria!
Fabio Campos
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