Por Fabio Campos
Texto
base: “Para louvor da
glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” –
Efésios 1.6 (AFC)
A
caminha cristã não é um trajeto perene, mas volátil. Não são em todos os
momentos que estamos bem, cheios, entusiasmados. A respeito disso, experimente conversar
com um cristão equilibrado. Ele não falará sobre suas virtudes, mas do espinho
cravado em sua carne e do mensageiro de satanás que o assola com bofetadas.
Nesta
caminhada somos tentados a concentrar a nossa atenção nas conquistas, no sucesso,
no ativismo e nas atividades autocentradas que geram recompensas e elogios dos
outros 1. A
demanda religiosa não aceita a ideia de que somos simples seres mortais. Levados
neste ardil de satanás, abandonamos a simplicidade devida a Cristo e, nossas
virtudes tomam a atenção no lugar do Senhor.
Mas
a substância do cristianismo não se trata do que o homem faz para Deus, mas do
que Deus fez pelo homem. Jesus nos revelou quem de fato é Deus: “Quem me vê a mim vê o Pai”. Nossa
caminha não é perene, mas Cristo é Eterno e o Seu Amor dura para sempre.
Jamais
devemos medir o amor de Deus por nós pelo o que fazemos ou por aquilo que
deixamos de fazer. É tolice atrelar o amor de Deus pelo quanto de amor que as
pessoas nos amam. Muitas vezes, tornamo-nos reféns de uma baixa-estima porque supomos,
simplesmente, que somos o menos amado dentre todos. Somos levados a pensar (daí
vem nossa inquietação travestida de zelo) que Deus seja mais próximo dos que
são eficientes e hábeis nos seus afazeres. Quanta infelicidade nos acomete
quando sentimo-nos seguros apenas quando nos vemos uma pessoa nobre, generosa e
amável, sem cicatrizes, medos ou lágrimas. Ou seja, perfeitos!2
Jogamos
Deus na cadeira do patrão, que ama mais aquele que mais produz. Deus não é
assim. Nem a maior das virtudes dos homens impressiona Deus ou O surpreende.
Todo ato de bondade, talento, habilidade – tudo o que é louvável, provem do Pai
das luzes. O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.
Deus
nos ama pelo Filho. A única coisa que satisfaz a justiça de Deus é a obra de Jesus.
Somos amados com amor eterno n’Ele. Por isso não há o mais, ou o menos amado.
Em Cristo somos amados de Deus. Não é sábio ficar se comparando com os outros.
Da mesma maneira, não procure alardear a sua importância e também não se vanglorie
das suas vitórias. É bem provável que agindo dessa forma você se sentirá
superior a qualquer pessoa. Deus não nos compara com outros. Portanto, quem se
gloria, glorie-se no Senhor.
A
demanda Divina não é satisfeita pelos sermões bem preparados dos pastores; não
é suprida pela erudição e desenvoltura dos teólogos; também não se dá pela
capacidade dos filósofos em articular sobre as questões difíceis da vida; não consiste
em dar o próprio corpo para ser queimado e nem pela generosidade ao ponto de
dar tudo o que se possui aos pobres. A justiça de Deus é satisfeita em Cristo,
e todas as virtudes, debaixo desta Lei, são obras de louvores a Deus feitas
pela fé.
Se
você está em Cristo, não há nada que você possa fazer para Deus te amar mais e
também não há nada que você deixe de fazer para Ele te amar menos. Jesus é
suficiente. Henri Nouwem diz que, não precisamos correr de um lado para o
outro, a fim de mostrar a todos o quanto somos amados. Nós já somos!3
Fim!
O
maior desafio do cristão, por incrível que parece, é o de viver perdoado. O
amor de Deus não diminuiu apesar de nós. Utilizando-me das palavras de Paul
Washer, encerro esse breve artigo, dizendo: “Eu
tenho dado a Cristo incontáveis razões para não me amar. Nenhuma delas tem sido
forte o suficiente para mudá-lo”.
Não
precisa provar, você já é amado!
Em
Cristo Jesus, considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,
Soli
Deo Gloria!
Fabio Campos
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Citações:
1 BRENNAN, Manning. O impostor que vive em mim; p. 44
2 Ibid; p. 28
3 NOUWEN, Henri & RODERICK, Philip. Conversa Espiritual; p. 22