Escola
Bíblica Dominical – 13 de novembro de
2016 | Lição 7
Texto Áureo: Gn
39.2
Verdade prática:
No enfrentamento de uma crise, a sabedoria divina é indispensável.
Leitura bíblica em classe:
Gn 37. 1-11
INTRODUÇÃO:
a.
A história de José é uma das biografias mais empolgantes de toda Bíblia. É
impossível ler a história de José no Egito sem um sorriso nos lábios e sem
lágrimas nos olhos (Gn 37, 39 — 50).
b.
Trata-se do amor de um pai que não consegue esconder sua preferência por um
filho em detrimento dos outros, causando assim, grande ciúmes em seus irmãos.
c.
Deus mostrou em sonho o que haveria de ocorrer com José. Ele, porém, imaturo e
mimado contou o sonho de forma arrogante e presunçosa. Seus irmãos passaram a odia-lo,
começando a planejar seu sumiço.
d. Entretanto,
o autor disso tudo estava no controle da história. Deus é o grande herói deste
episódio. A história toda retrata a Soberania de Deus e Seu cuidado
providencial para com os seus.
e. Embora
José tenha seus defeitos, ele ainda se sobressai como um gingante espiritual em
sua própria família.
e. As
adversidades na vida de José contribuíram para que as promessas feitas a Abraão
se cumprissem fielmente (Gn 13).
f. Será
que tudo o que aconteceu com José e com sua família foram meras coincidências?
I.
Vejamos essas “coincidências” que
levaram José a ser escravo e ter salvado uma nação:
1.
Jacó precisou mandar José dar uma
olhada nos irmãos que pastoreavam as ovelhas (Gn 37.13).
2.
Jacó teve de acreditar que os
filhos estavam nos pastos de Siquém (37.12).
3.
Se Jacó soubesse que eles estavam
em Dotã (v.17b), mais distante e menos povoada, provavelmente não teria mandado
Jacó atrás deles.
4.
Quando José chega a Siquém, ele,
“por coincidência encontrou um desconhecido que explicou onde seus irmãos
estavam, alguém gentil o bastante para iniciar a conversa (v. 15).
5.
O desconhecido explicou que sabia
do destino dos irmãos porque “por acaso” ouvira a conversa deles com outra
pessoa (v. 17).
6.
Se José não encontrasse o
desconhecido, ou este não tivesse ouvido a conversa de seus irmãos, o rapaz não
teria ido para o Egito.
7.
Os irmãos só puderam “se livrar” de
José porque estavam num local afastado, e a história sobre o ataque de um
animal era plausível naquela região (v. 19,20).
8.
Rúben, o irmão mais velho, era
contra maltratarem José, mas aconteceu de ele estar ausente (v. 29) quando os
mercadores passaram, e assim Judá e os outros ficaram livres para vender José à
escravidão (v. 26-28).
9.
José teve de ser mandado à
propriedade de um homem cuja esposa se apaixonou por ele. Se José não houvesse
sido acusado falsamente, não acabaria na prisão.
10.
Se o faraó não ficasse nervoso com
seu copeiro, este também não teria sido preso e não teria conhecido José (40.
1-3).
II. Agora
imaginemos se José nunca tivesse ido para o Egito.
1.
Incontáveis pessoas morreriam.
2.
Sua própria família teria morrido
de fome.
3.
Espiritualmente, para a família
seria um desastre. José seria corrompido por seu orgulho, os irmãos seriam destruídos
pela raiva, e Jacó, por seu amor idólatra e tendencioso pelos filhos mais
novos.
Como
disse William Cowper: “Não julgue o
Senhor com débil entendimento, mas confie nele para sua graça. Por trás de uma
providencia carrancuda, Ele oculta uma face sorridente”.
REFLEXÃO E OBJETIVO DA
AULA:
1) Apontar os sonhos de José e as crises que ele
teve que enfrentar; 2) Ressaltar a
crise da cova e da escravidão na vida de José; 3) Enfatizar a sabedoria de José para administrar as crises.
I. DOIS SONHOS E MUITAS CRISES
1. A
família de José.
a. A
família de Jacó era constituída pelos filhos com Lia, dois filhos com Raquel (José
e Benjamim Gn 30. 22-24; 35.16-18) com Zilpa, serva de Léia (Gade e Aser) e com Bila, serva de Raquel (Dã e Naftali).
b.
Jacó amava mais a Raquel; José foi o primeiro filho gerado por Raquel; Jacó,
por isso, lhe presenteou com uma túnica colorida, o que revelou um certo
favoritismo (Gn 37.3).
c.
As muitas esposas de Jacó (duas esposas e duas esposas substituas) produziram
duras e tristes consequências entre os filhos. Ira, ressentimento e ciúmes eram
comuns entre eles. É interessante notar que a pior luta e rivalidade ocorreram
entre os filhos de Léia e os de Raquel, e entre as suas respectivas tribos
descendentes.
d. A
família de Jacó nos transmite uma mensagem importante: “não existe família
perfeita”. Contudo, há famílias que estão debaixo da graça de Deus. Essa é a
diferença. Em Cristo, isso é possível (Rm 8.1).
2. A inveja dos irmãos.
a. Duas
razões principais foi o que acendeu a ira dos irmãos de José contra ele:
1.
A Bíblia diz que José “trazia más
noticias deles a seu pai”.
I.
A palavra “notícia” (dibbâ) por si
denota notícias destinadas a prejudicar a vítima: “... o que espalha a calúnia é insensato” (Pr 10.18b A21).
II.
É provável que seus irmãos estivessem fazendo algo errado, do quê José com
razão se distanciava; contudo, o livro de Provérbios aconselha que se deve
retirar o véu de sobre as transgressões dos outros (Pr 10.12; 11. 12,13;
12.23).
III.
No mínimo, o jovem José parece ser um irmãozinho importunante e bisbilhoteiro.
2.
A segunda razão pela qual seus irmãos passaram a odiar José foi porque ele era um sonhador arrogante.
I.
No antigo Oriente Próximo, sonhos eram um meio comum de comunicação e predição
divinas; os irmãos entendiam bem sua natureza profética.
II.
Os sonhos de José eram sempre o colocando em posição de honra perante seus
irmãos, o que despertou ódio por parte deles.
III.
Porém, essa história mostra Deus como o Diretor por trás de todo esse relato
(conforme vimos na introdução).
b.
Nós somos levados a julgar segundo o padrão humano; porém, nossa justiça, para
Deus, “é trapo de imundícia” (Is 64.6).
Deus é Soberano e seus desígnios são perfeitos, como diz o salmista: “O Senhor
faz tudo o que lhe apraz, no céu e na terra, no mar e nas profundezas das águas” (Sl
135.6).
“Se
Deus fosse pequeno o bastante para o entendermos, não seria grande o bastante
para adorarmos.” – Evelyn Underhill (Escritora inglesa 1875 – 1941).
3. Os sonhos de
José (Gn 37.7,9)
a. Os
sonhos nesta história vêm em pares (ver Gn 40 e 41) para mostrar que a questão
é solidamente decidida por Deus e virá rapidamente como aconteceu com os sonhos
de Faraó:
“O
sonho veio ao faraó duas vezes porque a questão já foi decidida por Deus, que
se apressa em realizá-la.” - Gênesis 41.32
b. Um
sonho isolado pode ser mal interpretado. Dois sonhos com o mesmo sentido
confirmam a interpretação.
c. Creio
que a primeira pessoa que devemos falar a respeito dos nossos sonhos seja o
Senhor. Ele vai guardar o nosso coração. Quando, porém, a coisa se cumprir,
devemos compartilhar – se for da vontade de Deus –, para a edificação dos
irmãos e para a glória de Deus.
SÍNTESE DO TÓPICO I
José
revelou seus dois sonhos a sua família e logo teve que enfrentar algumas
crises.
II. A CRISE DA COVA E DA ESCRAVIDÃO
1. José é vendido como escravo
(Gn 37. 27,28)
a. Os irmãos de José levaram os rebanhos até Siquém. A pedido de
Jacó, José foi enviado para saber se estava tudo bem com seus irmãos (Gn 37.14).
De fato, Jacó tinha motivos para se preocupar, já que sua filha Diná fora
violentada naquela terra (Gn 34).
b. José encontrou um homem siquemita que o diz que seus irmãos
foram para Dotã (Gn 37.15-17).
c. José, então, caminhou cerca de 21 quilômetros até Dotã para
encontrar com seus irmãos. Quando eles avistaram José, disseram, de forma
ressentida: “Lá vem aquele sonhador”
(37.19).
d. A Bíblia não deixa claro qual foi o primeiro irmão de José
que sugeriu suprimi-lo. Tudo indica que seja Simeão, qual se ressentiu com a
intrusão de José nos direitos de primogenitura (que, por fim, seria tirado de
Rúben, 49. 3-4).
e. O capítulo 34 informou-nos que Simeão era astuto e cruel, e
José, em 42.24, é mais áspero com Simeão.
f. Os irmãos planejaram a morte de José. Deve se creditar a
Rúben a tentativa de poupar a vida de José, embora ele tenha usado um método
errado para realizar uma obra nobre.
h. Prevalece, no entanto, a sugestão de Judá: “vendê-lo como
escravo” aos mercadores. A venda de escravos asiáticos é bem documentada nos
textos egípcios de aproximadamente nos dias de José.
2. José na casa de Potifar.
a. José chegou até a casa de Potifar por meio de uma negociação
de seus irmãos com os mercadores que estavam indo para o Egito. José foi
envolvido em dois negócios: 1) Os irmãos
com os midianistas (Gn 37.28) e 2) com os
midianitas junto a Potifar (Gn 37.36).
b. Contudo, a Bíblia diz que “o
Senhor estava com José, e ele tornou-se próspero” (Gn 39.2). A presença
benéfica de Deus é experimentada mesmo na escravidão, longe da terra de bênção
(ver 26.3, 24, 28; 28.15, 20; 31.3).
c. Ainda que a situação de José mudasse drasticamente, a relação
de Deus com ele permaneceu a mesma. Por esta razão, José pode erguer-se mais e
mais em situações que seguramente teriam esmagado outros.
d. O Senhor honra a nossa fidelidade, assim como fez com José: “... pois honrarei os que me honram” (1
Sm 2.30).
e. José alcançou favor diante de Potifar, que colocou sobre tudo
o que possuía:
“O que ama a pureza de
coração, e é amável de lábios, será amigo do rei.” – Provérbios 22.11 (AFC).
3. José prosperou na casa de
Potifar.
a. José se destaca com seu trabalho na casa de Potifar.
b. Sua posição como um escravo doméstico se conforma às
práticas egípcias documentadas. Um papiro egípcio (Brooklyn 35.14.46) de 1833-1742 a.C detalha os nomes e ocupações de
quase oitenta escravos numa casa egípcia. Nessa lista, dava-se status superior
aos escravos asiáticos e trabalhos de proficiência aos escravos egípcios, aos
quais geralmente se designava extenuante campo de trabalho.
c. José não deixou se abalar pelos ataques de tristezas e pela
magoa que ele poderia ter dos seus irmãos e para com Deus por não ter Ele atendido
suas orações no momento mais doloroso de sua vida. A respeito disso, Timothy
Keller, diz:
“Talvez o mais
surpreendente seja percebermos que, se Deus tivesse respondido às prováveis
orações de José, o resultado teria sido horrível. Notemos também que
provavelmente Deus respondeu “não” de modo implacável a quase todos os pedidos
de José durante vinte anos, mais ou menos. A maioria das pessoas que conheço
teria desistido, dizendo: “Se Deus vai bater a porta na minha cara sempre que
eu orar, ano após ano, então eu desisto”. Mas se José tivesse desistido, tudo
estaria perdido. No cárcere, ele buscou a Deus para interpretar o sonho. Apesar
de todos os anos de orações não respondidas, José ainda confiava em Deus”. 1
d. José era um menino bonito; sem dúvida ele herdou os traços
de Raquel, qual diz a Bíblia ser “bonita
de porte e de rosto” (Gn 29.17).
e. As egípcias eram conhecidas pela infidelidade; não obstante
foi que a mulher de Potifar procurou seduzi-lo, mas ele não cedeu.
f. José é injustiçado mais uma vez; a mulher o acusou de tentativa
de estupro. Mas José foi fiel a Deus e ao seu patrão, como disse um pregador
puritano: “José perdeu sua túnica, mas
conservou seu caráter”.
g. Potifar ouviu a acusação mentirosa de sua esposa contra José,
e o mandou para a prisão, onde estavam os oficias de Faraó. José venceu a
tentação, mas foi para a prisão.
“A cruz de Cristo pode
ter vencido o mal, mas não venceu a injustiça.” – Philip Yancey, Decepcionado com Deus
SÍNTESE DO TÓPICO II
José
teve que enfrentar a crise da cova e da escravidão, mas Deus estava com ele.
III. SABEDORIA PARA ADMINISTRAR A
CRISE
1. José é
abençoado por Deus na prisão (Gn 39. 21-23).
a.
José foi lançado na prisão injustamente, mas a Bíblia diz que Deus era com
José.
b.
José descansou nas promessas de Deus, pois sabia que hora menos hora Deus as
cumpririam.
c.
Quando a Bíblia diz que Deus “lhe
concedeu bondade”, o hebraico (hesed)
significa agir com amor e lealdade para ajudar a um parceiro pactual em sua
necessidade (ver 32.10).
d.
Deus não remove o sofrimento de José, porém permanece com ele em meio ao
sofrimento.
2. José e os
dois oficiais de Faraó.
a. José
encontrou dois presos que serviam a Faraó, um copeiro-mor e um padeiro-mor.
Eles tinham ofendido (literalmente, pecado) a Faraó, em contraste com a prisão
de José, que era injustificada.
b.
Eles haviam sonhado cada qual um sonho diferente; José os interpretou. Os
sonhos exerciam um importante papel no Egito Antigo, e sua interpretação
constituía habilidade especializada. Como prisioneiros, o copeiro e o padeiro
não têm nenhum acesso a intérpretes peritos.
c.
Ao copeiro-mor José disse que dentro de três dias ele seria chamado para servir
a Faraó novamente. Ao padeiro-mor, disse que, dentro de três dias, seria
executado.
d.
Tudo aconteceu como disse José.
3. Da prisão ao
palácio de Faraó (Gn 41.1-8)
a. Faraó
teve dois sonhos; como foram um na sequencia do outro, isso o perturbou muito.
Ele convocou os “peritos em interpretação” do Egito, magos e astrólogos, mas
não havia ninguém quem os interpretassem para ele (Gn 41.8).
b.
Só então foi que o copeiro-mor lembrou de José, e falou ao Faraó o que havia
acontecido com ele e com o padeiro na prisão. Faraó mandou chamou José e lhe
expos o sonho.
c. Os
sonhos de Faraó de “vacas”, “vacas vermelhas” e “trigo” são todos símbolos
naturais de alimentos. O Egito passaria por um período de sete anos de grande
fartura e depois um período de sete anos de escassez.
d. José
aconselha Faraó a recrutar um administrador CRITERIOSO para juntar os alimentos
nos sete anos de fartura para sobreviver os sete anos de escassez.
e. Faraó
acabou de descobrir que não tem ninguém mais sábio em todo o Egito do que o
próprio José. A sabedoria de Deus aniquilou a sabedoria dos homens.
f.
José não tinha o currículo requintado dos sábios egípcios, mas o que ele tinha
foi suficiente para fazê-lo governador sobre todo Egito na pior crise econômica
de sua história:
“Disse
Faraó a seus servos: ‘Acharíamos um homem como este em quem haja o espírito de
Deus’?” - Gênesis 41:38 (AFC)
g.
José, portanto, foi nomeado governador do Egito; acima dele havia apenas Faraó.
h.
Deus fez com que todas as coisas cooperassem para o bem de José, para que o
propósito de Deus fosse estabelecido. João Calvino, em seu clássico “As
institutas”, diz:
"E
quando aquela luz da providência divina brilha em cada homem temente a Deus,
ele é aliviado e desatado não apenas dos extremos que antes o premiam com
ansiedade e medo, mas de todo cuidado. Com efeito, tal como temia com razão a
fortuna, assim pode ousar se pôr seguramente em Deus. Isto, digo, é um consolo,
para que entenda que o pai celeste contém de tal modo a tudo por sua potência,
de modo modera com sabedoria que nada acontece senão segundo o que Ele
destina."
SÍNTESE DO TÓPICO III
Deus
é a fonte de toda sabedoria. Ele nos concede sabedoria para administrar as
crises.
CONCLUSÃO
1.
Deus coloca sonhos em nosso coração; precisamos confiar no Senhor, que Ele nos
guiará com a sua mão poderosa, ainda que muitos se levante contra nós.
2.
A despeito daqueles que se levantam contra nós, como fez José, devemos ama-los.
Pois nossa recompensa não vem da mão de homens, mas de Deus. Enquanto os irmãos
de José desconfiava que ele pudesse vinga-los, mesmo os tratando bem, o amor de
José por eles só crescia (Gn 50. 15-21).
3.
Não importa nossas crises; o que importa é a graça de Deus sobre a nossa vida.
Tudo pode mudar; nossa obrigação é sempre confiar (Sl 37.5).
4.
Devemos confiar que Deus está operando em nós; por meio das nossas lutas, humilhações
e derrotas. Ele está conosco.
5.
Confie nisso:
“Algumas
vezes o sorriso de Deus está oculto, mas seu braço nunca está encolhido nem sua
luz, apagada. No tempo apropriado, as nuvens dissiparão, a luz retornará e nós
somos sustentados”.2 – John Piper
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
Aula
ministrada na ICT – J - dia 13/11/2016
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Notas
e citações:
1 KELLER, Timothy. Caminhando
com Deus em meio à dor e ao sofrimento; p. 282
2 PIPER, John. O
sorriso escondido de Deus; p. 16-17
Referências
bibliográficas:
Escola Bíblica dominical. José:
Fé em meio às injustiças. 4º trimestre de 2016; CPAD; lição 7.
WARREN, W. Wiersbe. Comentário Bíblico AT. Santo André, SP;
Central Gospel, 2009.
BRUCE, K.Waltke & FREDERICKS, Cathi J. Comentários do Antigo Testamento do livro
de Gênesis. Editora Cultura Cristã, 2010. São Paulo, SP
KELLER, Timothy. Caminhando
com Deus em meio à dor e ao sofrimento. Editora Vida Nova, 2016. São Paulo – SP.