Por Fabio Campos
O
facebook deu voz ao coração. As redes
sociais democratizaram a opinião do anonimato. Agora não somente ouvimos, mas
também somos ouvidos. O verbo veio a público. Gente de todas as religiões (até
mesmo pessoas que consideravam, até então, internet coisa do capeta, agora
estão online). Militantes de todos os partidos políticos; os extremos estão
guerreando; direita versus esquerda. Todos estão lá querendo ser ouvidos. Tudo
na santa paz! O respeito reina! Só que não, né!? ...
Minha
impressão é que o mundo vai explodir a qualquer momento. Sério mesmo! Sem
sensacionalismo. As pessoas não querem aprender e nem escutar. Elas anseiam em
ser ouvidas (talvez seja por uma demanda reprimida de notoriedade). Raiva,
ansiedade, frustração, decepção, inveja etc. Tudo na mesma panela. Imagine o
resultado da receita.
Alguém
posta algo com um intuito. Outra pessoa, num espírito totalmente diferente,
comenta ou compartilha. Chega um terceiro, com outro ânimo, emite a opinião.
Ninguém mais ouve ninguém. Vira diálogo de surdo. Cada qual na sua indignação
emite o desabafo na sua página. Outros, porém, incomodados (que pensaram ser
uma indireta a eles), comentam. Geraram-se mais tretas! E assim é desde o dia que foi dado voz aos escondidos (como
eu).
Nem
o futebol tem gerado tanta confusão como política e religião. E por falar em
religião; como crente, preciso admitir: nós somos os mais chatos. Divergirmos
em TODOS os assuntos. Mas isso não é novo. A “história da teologia” denuncia isso1.
É sábio admitir que não exista teologia perfeita. Somente a Escritura é pura e
cristalina! Teologia nada mais é que o esforço (legítimo) do homem para
compreender o divino.
Suas
várias vertentes de interpretações passaram por longas discussões. E muitas vezes, acaloradas. Pessoas morreram para defender seu ponto de vista
teológico. Coisas que afirmamos ser inerrantes foram formuladas no calor da paixão
através de respostas e refutações! Cada sistemática defende o seu ponto de
vista, diferente das Escrituras. Ainda que contenha refutações (principalmente
nas cartas), a Bíblia toda, diferente da teologia, foi inspirada por Deus de
forma livre e perfeita, sem paixão humana, para ensinar, para repreender, para
corrigir e para instruir na justiça o homem de Deus, preparando-o para toda boa
obra.
Não
me entenda mal, por favor. Eu amo teologia mais do que qualquer outra coisa na
academia. Mas entendo que ela é um sistema imperfeito para entender o que é
perfeito. Isso me ajuda muito, pois quando sou tentado a ensoberbecer-se na
minha refutação – este pensamento coloca-me no devido lugar.
Discutir
teologia ao vivo já é complicado. Imagine fazer isso pela internet. Poucos são
os que sabem usar a ferramenta do diálogo e do debate para a glória de Deus. É
desanimador acompanhar certos debates (a maioria deles). Há mais calor do que
luz. Será que vale a pena ser afligido pelo o que os outros dizem? Até onde
Deus está envolvido nesta gritaria?
Eu
mesmo tenho sido mais polido e criterioso em assuntos polêmicos. Não me acovardei
(até onde sei); apenas tornei-me seleto pelo o que debater (se precisar). Digo
isso porque já errei bastante. Perdi amigos de bobeira. Através da minha
beligerância, levantei muros. Lamento muito, de verdade! Sei da importância das
“vozes” cristãs a despeito de todos os assuntos. Só não caia na tentação de
querer ser um messias cibernético. Quem
fala muito traz perturbações (Pr 13.3). Portanto, com sabedoria, escolha a sua treta!
O
cristão não pode ser superficial. Nós temos a mente de Cristo. Discernimos o
mundo sem por ele se discernidos. As pessoas nos escutarão de fato se falarmos
com propriedade. Aquele que possui fundamento não grita –, argumenta.
Evitaremos
muito sofrimento (nosso e para outros) se tivermos mais cuidado com o que
iremos publicar, compartilhar e comentar (Pr 21.23). Foge, igualmente, das
paixões do facebook e do whatsApp. O conselho
bíblico é para seguirmos a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, de
coração puro, invocam o Senhor. Faça isso para o bem da sua alma.
Antes
de postar algo – pare, pense, reflita, ore. Se for necessário, então escreva.
Se não, fuja! Lembre-se que Nosso Senhor, em seu sofrimento, triunfou sobre seus
adversários com a boca calada, como está escrito: “...
ele não abriu a boca” (Is 53.7). Isso demonstra que não é a
persuasão do homem quem faz as coisas, mas o poder de Deus.
Fuja,
portanto, das paixões do Facebook e
do WhatsApp. Você vai ser mais feliz
e menos depressivo. É serio mesmo!
Em
Cristo Jesus, considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,
Soli
Deo Gloria!
Fabio Campos
fabio.solafide@gmail.com
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Para
saber mais sobre o assunto sugiro a leitura de OLSON, Roger em “História da Teologia Cristã” publicado
pela Editora Vida Acadêmica.