Por Fabio Campos
Texto
base: “Quero
trazer à memória o que me pode dar esperança.” – Lamentações
3.21
A
série escrita pelo Irlandês C. S. Lewis, “As Crônicas de Nárnia, traz na sua
compilação sete livros de Romance de alta fantasia. Dentre eles, O cavalo e seu menino” (1954), narra a
vida de um menino chamado Shasta, que vivia com um pescador “carrasco” da
Calormânia. Ele havia encontrado Shasta abandonado e o levou para morar na
Calormânia. Um tarcaã, certo dia, foi visitar o pescador com o intuito de
comprar Shasta como escravo. Shasta, porém, descobre que o cavalo do tarcaã, Bri,
era um cavalo falante oriundo de Nárnia. Bri estava decidido a voltar ao seu
país de origem e planejara de que modo poderia fugir de seu dono e retornar para
Nárnia.
Na
calada da noite, Shasta e Bri resolvem fugir. No caminho acabam por encontrar a
tarcaína Aravis, montado numa égua também falante chamada Huin. O destino deles
era o mesmo de Bri e Shasta: Nárnia. Muitas aventuras aconteceram no caminho.
Shasta se perdeu e teve que caminhar sozinho pelo caminho.
Mas
Shasta era muito melindroso: “Devo ser o
cara mais engraçado de todo o mundo. Tudo dá certo com os outros, comigo nunca”.
Sem que soubesse e, mesmo sem
ainda O ter conhecido pessoalmente, Aslam, esteve com ele e cuidando dele o
tempo todo. À caminho, Shasta,
mergulhado no seu desespero percebeu que alguém estava caminhando ao seu lado.
Ele não podia ver nada. Shasta tão
apenas escutava os seus passos e sentia a sua respiração. O menino começou a
ficar apavorado, pois tinha ouvido dizer que naquele país existiam gigantes.
-
Que é você – murmurou baixinho.
-
Alguém que esperava por sua voz – respondeu a coisa. (...).
Houve
uma relutância de Sahsta para com a “coisa”. Ele tinha medo que a “coisa” fosse
uma “coisa morta”. Shasta percebeu que a “coisa” não era morta porque o seu
hálito quente trouxe, de forma inexplicável, confiança ao seu coração.
Shasta
passou a contar sua história. Contou que jamais conhecera pai e mãe; que fora
criado por um pescador muito severo e sobre seus perigos em Tashbaan.
-
Não acho que seja um desgraçado – disse a grande voz.
-
Mas não foi falta de sorte ter encontrado tantos leões?
-
Só há um leão – respondeu a voz.
-
Não estou entendendo nada. Havia pelo menos dois naquela noite...
-
Só há um leão, mas tem o pé ligeiro.
-
Como sabe disso?
-
Eu sou o Leão.
Shasta
escancarou a boca e não disse nada. A voz continuou:
-
Fui eu o Leão que o forçou a encontrar-se com Aravis. Fui eu o gato que o
consolou na casa dos mortos. Fui eu o Leão que espantou os chacais para que
você dormisse. Fui eu o Leão que assustou os cavalos a fim de que chegassem a
tempo de avisar o rei Luna. E fui eu o Leão que empurrou para a praia a canoa
que você dormia, uma criança quase morta, para que um homem, acordado à
meia-noite, o acolhesse.
-
Então foi você que machucou Aravis?, perguntou Shasta.
-
Fui eu.
-
Mas por quê?!
-
Filho! Estou contanto a sua história,
não a dela. A cada um só conto a história que lhe pertence.
“Por trás de uma providencia
carrancuda [de Deus] esconde um rosto sorridente”, escreveu William Cowper, poeta
inglês (1732 – 1800) em um de seus 64 hinos compostos.
Todas
as vezes que estamos sendo esmagado pelas preocupações do futuro Deus nos leva
até o nosso passado para nos mostrar que Ele esteve, em todo o tempo, nos
sustentado. Foi Ele quem disse: “Quer
você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe
dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’.” (Is 30.21).
A
Escritura diz que, “em seu coração o
homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos” (Pr
16.9). Assim como aconteceu com Shasta, onde Aslam estava guiando-o e
preparando o seu caminho – assim o Senhor é conosco determinando os nossos
passos dentro do nosso planejamento. Nosso grande problema, como foi com
Shasta, é temer que acontecesse conosco o mesmo que aconteceu com os outros.
Deus, entretanto, conta a cada um a sua própria história (Jo 21.21-22).
A
culpa traz a ansiedade, pois supõe castigo; o amor, entretanto, não teme; quem
teme ainda não está aperfeiçoado no amor. Nosso futuro está nas mãos de Deus. De
fato, temos ouvido outro discurso; até mesmo entre os evangélicos. O discurso de
que você é “senhor” do seu destino. “Você quem faz o seu futuro”, dizem eles.
Ah, quanta arrogância dos homens! quanta pretensão!, como está escrito:
“Vocês
nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a
neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso,
deveriam dizer: "Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou
aquilo". Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda
vanglória como essa é maligna.” - Tiago 4:14-16 (NVI)
Ebenezer!,
até aqui o Senhor nos sustentou! Você pode se lembrar disto? Será que aquele
que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não dará
juntamente com ele, e de graça, todas as coisas (Rm 8.32)?
Você
está em Cristo? Então não há razão para tamanha ansiedade (Mt 6.25). Você é
filho de Deus (Jo 1.12). Se você é filho de Deus, você não é pagão, pois são
eles, os pagãos é que se preocupam com o futuro, dizendo: “Que vamos comer?” ou “que
vamos beber?” ou “que vamos vestir?”
O Pai celestial sabe exatamente (e até melhor do que nós mesmos) aquilo que de
fato precisamos (Mt 6.32).
Com
efeito, nossas aflições, amarguras e pesares são constantes e não precisam de
esforço para ser lembradas. Mas, pensai no Senhor e nas suas misericórdias que
não têm fim; misericórdias estas que se renovam a cada manhã.
Em
meio a confusão, dúvidas e questões o Senhor nos encaminhará, como está
escrito: “Conduzirei os
cegos por caminhos que eles não conheceram, por veredas desconhecidas eu os
guiarei; transformarei as trevas em luz diante deles e tornarei retos os
lugares acidentados. Essas são as coisas que farei; não os abandonarei”
(Is 42:16 NVI). Portanto, olhe para traz antes de se preocupar com o futuro e
traga a sua memória aquilo que pode lhe trazer esperança.
Encerro
essa reflexão citando o teólogo e filósofo, Agostinho de Hipona:
“Entregue
o passado à misericórdia de Deus, o presente a seu amor e o futuro a sua
Providência.”
Olhe para trás antes de olhar para frente! O Senhor é Senhor da
história e do tempo, pois Ele está no ontem, no hoje e no amanhã. Ele não Foi e
nem haverá de Ser, Deus é!
Em Cristo Jesus, considere este artigo e arrazoe isto em seu
coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
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Referências
bibliográficas:
LEWIS, C. S. As Crônicas de Nárnia. Volume único;
São Paulo, SP; WMF Martins Fontes, 2009.