Por
Fabio Campos
Texto
base: “Disse o Senhor:
‘De fato tenho visto a opressão sobre meu povo no Egito, e também tenho
escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão
sofrendo.’” – Êxodo 3.7 (NVI)
É
ruim sofrer! Creio que ninguém gosta de ser oprimido, humilhado, rejeitado,
injustiçado. Mas o sofrimento, de alguma forma, é parte da vida de todos os
seres humanos. C. S. Lewis, em sua obra “O
problema do sofrimento”, mostra também como o próprio ser humano é
responsável por grande parte do sofrimento que há no mundo: ele afirma que
quatro quintos dos sofrimentos que enfrentamos são produzidos ou por nós mesmos
ou por nossos semelhantes. 1
O
povo de Deus sempre foi perseguido, oprimido e humilhado. Desde o Egito até a
era do Império Romano, perseguições e opressões têm acompanhado o povo que fora
separado por Deus. Cartas e mais cartas foram escritas para encorajamento de
santos em meio ao martírio. Foi dentro de um contexto de escravidão e serviço
pesado que Deus interferiu contra o sofrimento imposto sobre os israelitas: “Porque conheço os seus
sofrimentos”.
Os
egípcios os sujeitaram a cruel escravidão (Ex 1.13). Com lágrimas e suor, o
povo construiu para faraó as cidades-celeiros de Pitom e Ramassés (Ex 1.11). Enquanto
o povo gemia, faraó sorria. Desfrutava do império construído sob o sangue dos judeus.
Mas o mal não prevaleceria por todo sempre. A justiça tarda mas não falha. Deus
levantou um libertador. Moisés saiu das águas e, conduzido por Deus, de forma
Soberana, fez o que deveria ser feito: emancipou o povo das garras do rei
tirano do Egito.
Deus
ouviu o seu o povo, pois disse:
“Porque conheço os seus
sofrimentos”.
Deus
conhece nosso sofrimento. Ele é transcendente, mas também, imanente. Ele sofre conosco,
pois é compassivo (compassione; “sofrer junto.) Jesus não deixou de ser
Deus porque chorou (Jo 11.35). Por isso é chamado de Emanuel, Deus Conosco!
O
sofrimento, entretanto, tem o seu lado bom. É pedagógico. Aprendemos mais nas
derrotas do que nas vitórias. C. S. Lewis de forma brilhante diz que, o sofrimento é o megafone de Deus para despertar um
mundo surdo 2. Davi afirmou que “foi-bom
ter passado pela aflição, para que aprendesse os decretos de Deus” (Sl
119.71). Paulo disse para nos gloriamos também nas tribulações, pois isso nos
acresceria perseverança, caráter aprovado, esperança e plena convicção do amor
de Deus que fora derramado em nossos corações (Rm 5.3-5).
Não
estou aqui endossando o masoquismo (os que se agradam da dor); também não
fomento o ensino dos estoicos impassivos e sofridos. O cristão tão somente não crê
no fortuito dos acontecimentos. Não há coincidência, sorte, azar ou
determinismo para o crente em Jesus. Deus fará com que tudo, até o mal que lhe
assola, se transforme em bem e corrobore com o propósito pelo qual Ele nos
chamou. A fé deixa Deus ser Deus.
Existe
algo, no entanto, que pode nos trazer esperança: Deus não está do lado do opressor.
Ele vê as lágrimas dos oprimidos e sabe que o “poder” está do lado de seus
opressores. Como não há quem os consoles (Ec 4.1), Deus os garante (Sl 82.3-4): “Eu habita com o
contrito e humilde de coração”.
O Senhor toma partido dos menos favorecidos (viúva, pobre, órfã, estrangeiro,
Tg 1.27).
Deus
conhece o sofrimento do seu povo. O desafio consiste em se sentir amado por
Deus quando as coisas não estão em ordem (do modo como planejamos). Precisamos crer
no Seu amor quando tudo mais vai mal.
Caso
você esteja sofrendo por consequência da vaidade de alguém, tipo a do Faraó,
Deus já possui em sua agenda o dia do término disso, como diz as Escrituras: “... não procurem vingar-se, mas
deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’,
diz o Senhor” (Rm 12.9).
Como
afirma Lewis, foi o ser humano, e não Deus, que produziu torturas, açoites,
prisões, escravidão, armas, baionetas e bombas. É pela avareza e pela estupidez
humana, e não pela sovinice da natureza, que temos pobreza e exploração do
trabalho. 3
Deus está atento a tudo. Seus olhos
estão sobre todos, justos e injustos!
Nossa parte é confiar para que, de
alguma forma, possamos transformar nosso dia mau em oportunidades para o heroísmo,
pois muitos assim o fizeram e, aproveitando o momento, se surpreenderam colheram
os seus frutos de justiça.
Considere este artigo e arrazoe isto em
seu coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
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Citações:
1 LEWIS, C. S. O problema do sofrimento. Editora Vida,
p. 12.
2 Ibid, p. 106.
3 Ibid, p. 101.
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