Por Fabio Campos
Deus é bom o tempo todo e cuida dos seus. Não tenho
dúvida que é Ele quem “determina os
passos dos justos” (Pr 16.9). A leitura do livro, “Revisão de Vida”,
escrito pelo pastor Ricardo Agreste, tem como enredo “viver e não se
arrepender”. A sensação que tive no ato da leitura foi do cuidado d’Ele por
mim.
Esta foi minha última leitura de 2015 e a primeira
de 2016. Não foi por acaso! Quando me propus separar uma obra para leva-la na
viagem de que fiz no fim de ano, até aí já havia escolhido outra, mas por um
momento, meus olhos pararam em “Revisão de Vida”.
A aquisição da obra também foi algo diferente. Estava
num determinado lugar que não frequento, quando de repente me deparo com uma livraria
evangélica bem “escondida” (na região da Consolação, São Paulo). Havia muita
coisa boa nas prateleiras, porém ainda não conhecia a Z3 Editora. A editora chamou a atenção. Como já conhecia Agreste e
sua linha de pensamento (que por sinal é muito equilibrada), li a sinopse do
livro e separei para comprá-lo.
Não foi por acaso que comprei o livro. A leitura me
trouxe muitas informações preciosas e dicas de como viver intensamente,
entretanto, com o “jugo” leve e suave de Deus. Por isso resolvi fazer uma breve
resenha descrevendo o tema principal dos 6 capítulos escritos.
CAPÍTULO
1
– DA VAIDADE À ETERNIDADE
O autor descreve uma experiência que teve ao acordar
no dia do seu aniversário de 40 anos. No momento do seu devocional, Ricardo,
abriu a Escritura no livro de Eclesiastes (um santo remédio para quem está
passando por uma crise existencial).
No capítulo, no entanto, ele trata sobre “nossas
buscas infindáveis”: “Correr atrás do vento”. Por esta busca há muitas versões.
Ele, assim, descreve quatro delas:
1.
A busca da alegria: Por que pessoas bem providas daquilo
que o mundo deseja têm apenas momentos de felicidades, porém, não possui uma
“alegria perene”? Ele aborda que a alegria fora de Deus é frágil e inconstante
– forjada e fabricada –, que depende de circunstâncias favoráveis ou de muletas
como as bebidas, as drogas ou coisas afins. Agreste termina esta parte citando
a irresponsabilidade daqueles que colocam tudo a perder com o famoso jargão: “Mas, eu tenho o direito de ser feliz”.
Para estes, o resultado final foi sempre o mesmo: desespero!, conclui o autor.
2.
A busca do sucesso profissional: Ricardo faz uma
explanação do anseio que o autor de Eclesiastes tinha em relação a realização
profissional. Algo que pudesse preencher o “vácuo
que há na alma de todo ser humano”. O capítulo caminha expondo a expectativa
e a busca sem limites pelo sucesso profissional cujo objetivo é trazer razão de
se viver. Nada mais importa desde que cheguemos ao topo. Mas onde é o topo?
Para pessoas que vivem neste estilo de vida, não há topo. Correm atrás do vento
e a cada dia têm suas forças reduzidas. Nem tempo possuem para se divertir. “Isso é um absurdo e um trabalho por demais
ingrato” (Ec 4.8).
3.
A busca das posses: Você já viu alguém tão rico ao ponto
de dizer: “Não preciso ganhar mais dinheiro! Chega!?” Talvez, não! Quem ama o
dinheiro nunca ficará satisfeito. Os bens materiais nunca serão suficientes
para preencher o vazio da alma humana. Ricardo traz uma informação interesse concernente
a isto:
“Segundo Gianetti, em seu livro
Felicidade (Companhia das Letras, 2002), pesquisas realizadas em sociedades
como a norte americana e a japonesa, revelam claramente que o aumento do poder
aquisitivo ou de bens materiais não se mostra diretamente associado ao aumento
do sentimento de realização e satisfação para com a vida. Muito pelo contrário!
O aumento do poder aquisitivo e de bens intensifica a constatação de vazio
interior e de ausência de sentido para a vida. Prova disso é a presença
significativamente maior de suicídios entre as camadas mais privilegiadas da
população em relação as mais pobres.”
4.
A busca da fama e do poder: O autor do Eclesiastes possuía
tanto fama como poder: “não me neguei
nada que meus olhos desejaram”. Mas, mais uma vez, é constatado nas
palavras do próprio autor, que nada fazia sentido e todo anseio por aquilo que
poderia ser desfrutado nesta terra era efêmero: “vaidade das vaidades”. Não é o homem que conquista a fama ou o
poder, mas o poder e a fama que conquista o homem. Por isso se tornam escravos
de suas “conquistas” e vivem em função delas. Nisto perdem amigos, esposas,
filhos e, por fim, a alma.
Ainda nesta temática, Agreste trata das “buscas incansáveis
que a religiosidade contemporânea propõe. Trata da tipificação do próprio diabo
na tentação de Cristo no deserto: “Se me
adorares tudo isto te darei”. Ele diz que, aquilo que chamamos de religiosidade
nos dias de hoje nada mais é que uma tentativa de, através de ritos e
oferendas, manipular o divino para que nos ofereça o objeto de nossas buscas insaciáveis.
Citando Eugene Peterson, Ricardo diz que Eclesiastes
é o tipo de livro que poderia muito bem ter sido escrito pelo profeta do Novo
Testamento, João Batista. Em seu tempo, ele é o profeta que rompe com todo tipo
de ilusão e joga por terra a esperança deste tipo de religiosidade de promover
no homem a autorrealização.
Não há como preencher o vazio que há no homem que
nada mais é que, a busca por Deus naquilo que perece. Deus é eterno. Blaise
Pascal disse que “somente Deus tem o tamanho exato do vazio que existe dentro
de nós”. A Bíblia diz: “Também pôs [Deus] no coração do homem o anseio pela
eternidade”. Somente um relacionamento com Deus, através de Jesus Cristo,
trará sentido a vida do homem e fazendo com que transcenda sua própria
história.
CAPÍTULO
2
– ESCOLHENDO AS BATALHAS
Ao longo da vida, sempre nos deparamos com pelo
menos dois tipos de batalhas: as que valem a pena serem travadas e aquelas que
não valem a pena sequer serem consideradas. Como discernir batalhas de batalhas?
Tenha uma missão maior que sua própria carreira: Ele cita o exemplo de Paulo, que fazia e confeccionava tendas. Certamente, Paulo, tinha que tratar do seu negócio e dialogar com clientes e fornecedores. Deveria honrar seus impostos. Mas veja que Paulo fazia disto um “meio” para um “fim” mais nobre: “pregar o evangelho sem ser pesado a ninguém”. Sua carreira era um meio, sua missão era o fim. Aléxis de Tocqueville, citado no livro, escreve em Idades da Fé: “O objetivo final da vida é colocado do outro lado da vida”. Que coisa fantástica.
Tenha uma missão maior que sua própria carreira: Ele cita o exemplo de Paulo, que fazia e confeccionava tendas. Certamente, Paulo, tinha que tratar do seu negócio e dialogar com clientes e fornecedores. Deveria honrar seus impostos. Mas veja que Paulo fazia disto um “meio” para um “fim” mais nobre: “pregar o evangelho sem ser pesado a ninguém”. Sua carreira era um meio, sua missão era o fim. Aléxis de Tocqueville, citado no livro, escreve em Idades da Fé: “O objetivo final da vida é colocado do outro lado da vida”. Que coisa fantástica.
CAPÍTULO
3
– COMPLETANDO A MARATONA
Nossa cultura, além de pragmática, também é
imediatista. Mal assimilamos uma informação para que uma nova chegue a caráter
de urgência. Neste capítulo, o pastor Ricardo, trata da “maratona” cristã. Ele
traça o paralelo entre “velocistas” e “maratonistas”. O velocista, geralmente,
corre 100 metros rasos em poucos segundos. Diferente disso, o maratonista corre
40 km em algumas horas. O cristão é um maratonista. No cristianismo, vencer, é
diferente de ganhar. Vencer não é chegar em primeiro, mas completar a corrida: “... completei a corrida”, disse Paulo
no fim da vida.
Agreste faz menção do foco que um
maratonista precisa ter durante a caminhada: 1) Propósito, 2) Princípios
e 3) Perseverança. Ele explana cada ponto
com muita clareza, de modo prático e inteligível.
CAPÍTULO
4
– GUARDANDO A FÉ
O autor trata a importância da “guarda da fé”. Coisa
terrível é crente azedo. Ricardo trata a despeito da fé que protege o nosso
coração contra o ceticismo e amargura. A fé é um instrumento – tanto de ataque
como de defesa dado por Deus a nós (Ef 6.16). O livro traz os tipos de fés: 1) Fé como único meio para salvação (2
Tm 3.15); 2) Fé como o conjunto de
verdades cristã (2 Tm 4.6); 3) Fé
como estilo de vida cristão (2 Tm 2.2).
Ele traz uma aplicação prática referenciando o modo
que Paulo fez para guardar sua fé: 1)
Cultivar a prática da Boa Consciência (1 Tm 1.18-20); 2) Desenvolver uma mentalidade Bíblica e Sadia (2 Tm 3.8); 3) Ter uma relação apropriada com o
dinheiro. Este terceiro ponto, ganha atenção especial. Não a menos, pois grande
parte das igrejas entrou pelo caminho da ganância ao invés do desprendimento. Seguem
os sub-tópicos: a) A busca pelo
dinheiro é uma busca insaciável e b)
A busca pelo dinheiro gera devoção.
CAPÍTULO
5
– AMADURECER OU AMARGAR
Ricardo trata neste capítulo acerca dos abandonos e
de traições. Ele usa como exemplo o apóstolo Paulo, que no fim da vida foi abandonado
pela maioria dos seus amigos. Como lidar com tudo isso? Amadurecer ou amargar?
Ele trata das circunstâncias que nos impelem à
amargura: 1) O abandono em meio a
uma jornada (2 Tm 4.10); 2) A
difamação e oposição injustas (2 Tm 4.13); 3)
Ausência de apoio no momento da adversidade (2 Tm 4.15).
Outro ponto muito interessante que o pastor aborda
são as “opções que nos conduzem à maturidade”: 1) Esteja pronto para oferecer novas oportunidades; 2) Entregue suas causas a Deus (2 Tm
4.13); neste segundo ponto, ele aborda dois sub-tópicos: a) Concentre-se no cuidado de sua integridade (publiquei na fan page do blog esta porção
do texto); b) Não permaneça no
raio de alcance dos inimigos. Seguindo, ele aborda também 3) o Exercício do perdão para com os que falham (2 Tm 4.16).
CAPÍTULO
6
– COM OS PÉS NA TERRA, MAS OS OLHOS NA ETERNIDADE
O pastor Ricardo trata neste capítulo sobre a
eternidade, o quanto olhar para ela pode trazer força para viver o presente.
Saber que um dia seremos recompensados por aquilo que fizemos mas que ninguém
viu, nos coloca no caminho do temor ao Senhor. As pessoas mais infelizes e
inquietas são justamente aquelas que esperam somente a sua recompensa nesta
terra. Diferente daquelas que, independentemente das circunstancias, creem que
o sentido da vida transcende a própria história. Ou seja, As adversidades e as
crises são interpretadas como parte de um plano maior que tem como autor um
Deus que ama incondicionalmente.
Ele aborda também a questão entre “alienação” ou
“engajamento”. Muitos acusam os cristãos de “acomodados”. Segundo estes grupos,
principalmente a esquerda política, os cristãos atenuam suas dores e abandonam
suas batalhas com uma pseudo-esperança de futuro dentro de uma esfera mística
do por vir. Mas, estes, e todos os que assim pensam, estão enganados. Fora do
livro, cito C. S. Lewis:
“Se você ler a história, descobrirá
que os crentes que mais realizaram neste mundo foram exatamente aqueles que
pensavam mais no mundo por vir”.
Em outra ocasião, disse Lewis:
“É pelo fato dos crentes terem
deixado de pensar no outro mundo que se tornaram ineficazes neste mundo”.
Dentro de todo ser humano há o anseio pela eternidade.
Porém, este anseio diminui à medida que o anseio pelo o que é efêmero aumenta.
CONCLUSÃO
Ricardo Agreste termina sua obra citando Soren
Kierkegaard: “A vida só pode ser compreendida
olhando pata trás, mas pode ser vivida olhando para frente”.
O pastor Ricardo compartilha no
livro suas “resoluções” daquilo que ele pôde aprender durante a elaboração
desta maravilhosa obra. Segue-as em resumo:
1) “Não quero mais
viver os dias que me restam sem uma forte consciência da vocação que me foi dada
por Deus e de o seu produto final há de transcender o curto período de minha
vida”. O negócio é agradar a Deus, como
disse Thomás de Kempis: “A glória dos
homens está em sua consciência, não na boca dos outros.”
2)
“Resolvi lidar de forma mais séria e consciente com minhas demandas
interiores que, constantemente, tentam me convencer que o sentido da vida se
encontra no prazer, no sucesso, no poder ou na aquisição de bens materiais.”
3)
“Consciente da importância desta relação pessoal e constante
com Deus, quero diariamente lembrar a mim mesmo que esta relação não está
baseada na minha capacidade de ser bom e fazer tudo certinho, mas na confiança
plena do que Jesus fez naquela cruz para pagar toda e qualquer dívida minha
para com Deus.”
4)
“À luz deste radical redimensimento de minha espiritualidade,
passei a observar e analisar as batalhas que estão à minha volta com mais
cuidado.”
5)
“Decidi romper com toda e qualquer tentação de comparar-me a outros.”
6)
“Quero investir mais meu tempo no cuidado consistente de
minha fé.”
Que Deus, em Cristo, abençoe a sua
leitura e acrescente como fez comigo, através deste livro, aquilo que esteja
faltando em você e pondere os excessos que estejam nas suas prioridades. Que
assim seja para a Glória de Deus!
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
fabio.solafide@gmail.com
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_____________________________
Ficha
técnica:
Autor: Ricardo
Agreste
Paginas: 128
Editora: Z3
Editora
3º edição -
Abril de 2015
OBS: Todas as citações foram
extraídas do próprio livro