Escola
Bíblica Dominical – 13 de Setembro de
2015 | Lição 11
Texto Áureo: Tt
1.5
Explicação do texto:
a.
Paulo estava lembrando Tito acerca da incumbência que havia deixado:
supervisionar e organizar as igrejas na ilha de Creta.
b.
“Colocar em ordem”: termo médico que significa
“consertar um osso quebrado ou endireitar
um membro torto”. 1
Verdade prática:
A igreja local deve subordinar-se à orientação de Deus, através de sua Palavra,
que é o “Manual de Administração Eclesiástica” por excelência.
Reflexão e objetivo da aula:
Explicar o panorama da epístola escrita a Tito (trazer o contexto); expor as
qualificações dos pastores segundo a epístola; trazer a percepção de pureza
qual a carta apresenta.
Leitura bíblica em classe:
Tt 1. 4-14
Quem era Tito: Um
gentio convertido a Cristo pelo ministério de Paulo (Tt 1.4)
INTRODUÇÃO:
a.
Finalmente iniciamos o estudo desta preciosa carta de Paulo ao seu filho na fé,
Tito.
b.
Tanto Tito quanto Timóteo, foram incumbidos por Paulo a se oporem aos falsos
mestres; entretanto, Tito, em especial, foi deixado em Creta para constituir os
presbíteros nas cidades.
c.
John Stott diz que a ênfase dessa carta é a doutrina e o dever nas três esferas
que atuamos: 1) a igreja, 2) família e o 3) mundo.2
I. A EPÍSTOLA ENVIADA A TITO.
1.
O
intento da Epístola.
a.
Tudo indica que Paulo não completou a “constituição dos presbíteros”. Por isso,
então, Tito foi enviado com a incumbência principal de realizar este trabalho
deixado pelo o apóstolo.
b. A respeito de “bispo” e “presbítero”, Jerônimo (autor da
Vulgata Latina) disse que, “entre os antigos”, bispos e presbíteros são a mesma
coisa, pois a primeira palavra (bispo) é termo de dignidade, a segunda
(presbítero) é de idade.3
c. Os termos são intercambiáveis:
“De Mileto, Paulo mandou chamar os PRESBÍTEROS [anciãos, AFC] da igreja de
Éfeso. [...]. Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o
Espírito Santo os colocou como BISPOS,
para PASTOREAREM a igreja de Deus,
que ele comprou com o seu próprio sangue”. – Atos 20. 17,28 (NVI)
d. Pedro era presbítero (1 Pe 5.1).
2. Data em que foi escrita.
a.
É consenso universal que o autor dessa carta a Tito seja o apóstolo Paulo. As
evidencias são tanto internas quanto externas.
b.
Os pais da igreja como Clemente de Roma, Inácio de Antioquia e Policarpo; os
reformadores e todos os fieis expositores da Palavra deram apoio unanime à
autoria paulina.4
c.
O único que se opôs nesta questão, na autoria de Paulo, foi Marcion,
excomungado como herege em 144 d.C.
d.
A maioria dos estudiosos dizem que a carta foi escrita entre 1 e 2 Timóteo; a
certeza de fato está em que a carta antecedeu 2 Timóteo, pois Paulo a escreveu
em liberdade.
e.
É consenso que a carta a Tito foi escrita por volta do ano 64 d.C.
3. Um viver correto.
a.
Paulo alerta por intermédio desta carta que o viver cristão, antes de tudo, é
prático; teologia e moral; doutrina e ética; não há como fazer uma dicotomia de
convicção e atitudes.
b.
A reputação de Creta não era nada boa; se tratava de um povo que vivia nas suas
paixões de modo desenfreado.
c.
A situação em Creta foi agravada pelo Caráter do povo expresso no verso 12;
pois um de seus próprios poetas, Epimêdes, do século 6 a.C., acusou-os de “mentirosos, bestas ruins, ventres
preguiçosos”, conforme apontou o apóstolo Paulo.
d.
Tanto é que a palavra “sincretismo” provém dos cretenses.
e.
Em Creta, cada uma das numerosas cidades queria ser a mais autônoma possível em
relação às demais. Somente quando estava em jogo a defesa contra um inimigo
comum, os cretenses, que preferiam a independência, se uniam, tornando-se assim
syn-cretenses (syn-cretismo). Nessa ilha confluía toda sorte de cultos, religiões
e linhas de pensamentos. 5
e.
Deus, então, nos deu d’Ele mesmo para que pudéssemos fugir da corrupção que há
no mundo (2 Pe 1.4); por isso não há desculpas para não resistir ao pecado.
f.
A santificação é o estilo de vida daqueles que realmente desejam ver o Senhor,
pois, como está escrito, sem ela, a santificação, “ninguém verá a Deus” (Hb 12.14).
SÍNTESE DO TÓPICO I
A
epístola objetivava das instruções ao jovem pastor Tito a respeito da
responsabilidade que ele havia recebido de Paulo. A carta foi escrita
aproximadamente em 64 d.C.
II. O PASTOR PRECISA PROTEGER O
REBANHO DE DEUS.
1. Qualificação dos pastores.
a. O presbítero deve orientar a igreja nas questões
doutrinárias e éticas (At 15.5-6;16.4).
b. Ele deve viver de tal forma que sua vida seja um exemplo
para todo o rebanho (Hb 13.7; 1 Pe 5.3).
c. Suas qualificações:
Ø Irrepreensível
como líder da sua família: (se não cuida da
sua própria casa, como cuidará da casa de Deus)
Ø Irrepreensível
como marido: (homem de uma única mulher);
Calvino destaca o fato de que a poligamia era tão comum entre os judeus, que o perverso
costume quase havia se convertido em lei. 6
Ø Seus filhos não
podem ser dissolutos: (trata-se da pessoa
incapaz de guardar dinheiro, alguém que desperdiça seus bens, especialmente com
a implicação de fazê-lo em prazeres, arruinando, desse modo, a si mesmo com uma
vida luxuriosa e extravagante, como fez o filho pródigo que gastou sua herança
com sua vida desenfreada (Lc 15.13). 7
d. Primeiro, o presbítero deve ser conhecido pelo que ele não
é. Antes de falar das virtudes dos presbíteros, Paulo fala dos desfeitos que
ele não deve ter: cinco são os termos usados quais os presbíteros não devem
ceder pela tentação:
Ø 1. Não deve ser arrogante:
o termo significa literalmente satisfazer a si mesmo. Gene Getz diz que o homem
arrogante é um homem egocentrista. Ele constitui a própria autoridade. William
Barclay descreve ainda o arrogante com as seguintes palavras:
“Uma pessoa intolerante, que condena tudo o que não pode
compreender; que pensa que não há outra forma de fazer as coisas que não seja a
sua, que crê que não existe outro caminho para o céu que não seja o seu, que
menospreza os sentimentos e as crenças dos demais”. 8
Ø 2. Não deve ser irascível:
genioso, esquentado, de estopim curto; que, além de irar-se com facilidade,
também fica remoendo por longo tempo a sua ira. Geralmente este tipo de líder
tem apenas seguidores submissos, mas não irmãos corresponsáveis.
Ø 3. Não deve ser dado ao
vinho: não somente a abstinência total, mas o termo usado “paroinos” significa literalmente ser
indulgente com o vinho. Tal palavra descreve o caráter do homem que, ainda em
seus momentos sóbrios, atua com falta de autocontrole como se estivesse bêbedo.
Ø 4. Não deve ser violento:
o termo aqui trata de um “golpeador”
que trata da violência verbal quanto a física. Portanto, aquele que governa os
outros precisa governar primeiro suas emoções, ações e reações.
Ø 5. Não deve ser cobiçoso:
que não se preocupa com os meios que utiliza para ganhar dinheiro, conquanto
que o faça.
REFLEXÃO: Somente neste quesito, quantos bispos, apóstolos e pastores
de hoje seriam descredenciados do ministério episcopal?
e. O presbítero DEVE SER CONHECIDO pelo o que ELE FAZ: virtudes
que ele deve ter:
Ø 1. Deve ser hospitaleiro:
a igreja primitiva não tinha templos; os cultos eram realizados nas casas. Por
isso o dom da hospitalidade era fundamental para a época. Sem contar que, no
mundo antigo, havia muitas pessoas que viajavam, e as pousadas e estalagens
eram caras, sujas e imorais.
Ø 2. Deve ser amigo do
bem: amigo do bem, das coisas boas ou das pessoas boas.
Ø 3. Deve ser moderado
(sóbrio): tem domínio completo das suas paixões e desejos. Essa virtude era
considerada pelos gregos a pedra fundamental da virtude.
Ø 4. Deve ser justo:
conceder a Deus e aos homens o que lhes és devido. O presbítero é um homem que
não usa dois pesos e duas medidas.
Ø 5. Santo (piedoso):
o homem que reverencia a decência fundamental da vida, as coisas que vão além
de qualquer lei ou norma feita pelo homem.
Ø 6. Deve ser temperante:
dono de si mesmo:
“Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale
controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade”. – Provérbios 16.32
(NVI)
2. Crentes, porém problemáticos.
a. Nossas igrejas sempre terão problemas, já que os cristãos
ainda estão no corpo de carne. A solução para esses problemas não é
escondê-los, nem os presbíteros renunciarem e encontrarem outra igreja. A
resposta é encará-los com honestidade e com devoção para resolvê-los de acordo
com a palavra de Deus. 9
b. Por isso o domínio da “sã doutrina” é essencial para um
presbítero; somente assim, poderá, com propriedade, tapar a boca dos falsos
mestres.
c. Em vista dos caráter difícil desse povo, Paulo aconselha
ação severa: “É preciso fazê-los
calar...” (v.11); eles precisam ser repreendidos severamente (v.13).
d. Esses falsos mestres eram itinerantes que saiam de casa em
casa espalhando o veneno de suas falsas doutrinas (muitas seitas trabalham
desta forma).
e. Paulo usou este termo “fazê-los
calar!”... cujo sentido refere-se a um tipo de mordaça usada para manter
fechada a boca de cães ferozes.
3. Não dar ouvidos a ensinos
falsos.
a. A Bíblia nos exorta a evitar os hereges.
b. O melhor jeito de não dar ouvidos, é não deixa-los falar.
Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes:
“A maneira mais adequada de combater o erro é
espalhar a verdade. Você apaga o fogo falso com o fogo verdadeiro. A forma mais
eficaz de combater os falsos mestres é multiplicar os verdadeiros mestres”. 10
SÍNTESE DO TÓPICO II
A
qualificação dos pastores, segundo a epístola, é fundamental ser observada para
que sejam competentes no relacionamento com os crentes complicados.
III. A PERCEPÇÃO DA PUREZA PARA OS
PUROS E PARA OS IMPUROS.
1. Tudo é puro
para os puros (v.15).
a.
Os cretenses eram legalistas quanto à teologia; davam muita importância aos
mandamentos, regras e preceitos fabricados por homens em vez de serem fiéis a
palavra de Deus.
b.
O profeta Isaías havia alertado para esse pecado (Is 29.13).
c.
Jesus também denunciou esse mesmo erro nos fariseus, dizendo que “não é o que entra pela boca que contamina o
homem, mas o que sai dela” (Mt 15.11; Mc 7.15).
d.
Os cretenses transformavam as coisas boas em si mesmas em contaminadas e
impuras (forte características das seitas).
e.
William Barclay está correto quando diz que, se alguém é puro em seu coração,
todas as coisas são puras para ele. Se o coração é impuro, torna impuro tudo o
que pensa, fala ou toca. A pessoa que tem a mente suja faz com que todas as
coisas sejam sujas.
2. Nada é puro
para os impuros (v.15).
a. O cristão é sensível a voz do Espírito Santo e por isso tem
“bom gosto” em suas escolhas.
b. Havia na vida dos cretenses separação entre teologia e
espiritualidade.
c. Diziam conhecer a Deus, mas O negavam na sua conduta.
3. Conhecem a Deus, mas o negam
com atitudes (v.16).
a. Paulo diz que o resultado dessa é inconstância
abominação. A palavra grega “bdeluktos”, “abominável”, é utilizada
particularmente para referir-se aos ídolos e as imagens pagãs.
b. Essa palavra denota o que “causa horror e nojo a Deus”.
c. Por isso muitos naquele dia ouvirão de Jesus: “nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os
que praticais a iniquidade” (Mt 7.23).
d. Que Deus nos livre da hipocrisia para não sermos vomitados
pelo Senhor.
SÍNTESE DO TÓPICO III
O
apóstolo admoesta que para os puros, tudo é puro; para os impuros, nada é puro.
Há quem diga que conhece a Deus, mas o nega com suas atitudes: isso é
perfeitamente possível.
CONCLUSÃO
1.
Paulo escreveu três cartas (1 e 2 Timóteo e Tito) com instruções acerca da
organização da igreja local.
2.
Infelizmente elas têm sido ignoradas nos dias de hoje por grande parte dos
líderes evangélicos; o resultado disso, o povo está perecendo por falta de
conhecimento.
3.
Os sacerdotes de hoje, na grande maioria, estão
como nos tempos do profeta Oséias; rejeitaram o conhecimento de Deus (Os 4.6); o
próprio Deus é quem os acusou (Os 4.4).
4.
Deus rejeita o homem quando o homem o rejeita e
despreza a sua lei (Os 4.6).
5.
Que Deus nos dê do Seu Santo temor que é o princípio
da sabedoria, para por Ele não sermos julgados, pois está escrito:
“O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos
do Deus vivo”. – Hebreus 10. 30,31 (AFC)
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
Aula ministrada na ICTJ dia 13/09/2015
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Notas:
1 LOPES, Hernandes Dias. Tito
e Filemom; Doutrina e vida, um binômio inseparável, p.47.
2 Ibid, p.11.
3 RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento, p.482.
4 LOPES, Hernandes
Dias. Tito e Filemom; Doutrina
e vida, um binômio inseparável, p.15.
5 Ibid, p. 23.
6 Ibid, p. 51.
7 Ibid, p. 53
8 Ibid, p. 54.
9 WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico do Novo
Testamento, p.701-702.
10LOPES, Hernandes
Dias. Tito e Filemom; Doutrina
e vida, um binômio inseparável, p.48.
11 Ibid, p. 64.
______________________________________________
Referências
bibliográficas:
Escola Bíblica dominical. A
igreja e o seu testemunho. 3º trimestre de 2015; CPAD; lição 11.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de
Janeiro, RJ; CPAD, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. Tito
e Filemom; Doutrina e vida, um binômio inseparável. São Paulo, SP; Hagnos,
2009.