Por Fabio Campos
Texto base: “Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer
situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando
necessidade”. – Filipenses 4.12
(NVI)
Você é rico ou próspero? Talvez esta pergunta não faça muito
sentido aos homens, mas é de grande importância para Deus. O mundo prega que
ser próspero, é possuir uma poupança “gorducha”, usar roupa de grife, comer nos
melhores restaurantes, viajar para os melhores lugares, e etc. Não importa como
você vai chegar neste patamar, ainda que você precise usar de deslealdade para
se sobressair; alcançando o “sucesso”, é isto que importará.
Do contrário disto você
será um “derrotado”, medíocre, acomodado, pois o fim justificam os meios, assim
eles dizem. É o que diz o jargão corporativo: “contra números, não há
argumentos!” Será mesmo? Talvez, você seja tão pobre simplesmente pelo fato de possuir
apenas o dinheiro. Toda esta sua agitação, que cheira “zelo”, seja apenas inquietação
ou até auto-adulação de quem se considera importante, como disse o escritor C.
S. Lewis.
Infelizmente, esta filosofia de “prosperidade” também entrou
para dentro de algumas igrejas “evangélicas”. Ser abençoado em algumas
denominações, é ser rico ou estar a “altura” do ímpio milhionário. O Polishop
gospel, com seus produtos, rotulados por bênçãos, estão sendo vendidos pelos
empresários conhecidos por “levita”, bispo e “apóstolo”. Cada canal de
televisão representa uma prateleira com diversos produtos. Em escolhendo o que
se deseja, o resto é só prostrar-se à satanás para que “tudo” ele possa te dar.
Quem serve a Deus por dinheiro, servirá o diabo por um salário melhor. Então, o
que Deus diz sobre a “verdadeira prosperidade”?
Há grande diferença entre “ser rico” e “ser próspero” (o
salmo 73 nos passa maiores informações a respeito disto). Jesus nunca alertou o
homem acerca do “perigo da pobreza”, mas ele foi contundente sobre os perigos
das riquezas: “Então lhes disse: ‘Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo
tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens’” (Lc 12.15 NVI).
Certa vez, o Senhor contou a seguinte parábola. Havia um
homem muito rico que não parava de enriquecer-se (Lc 12. 16-21). Em tudo que este
homem tocava tal prosperava. Ele já estava muito rico! Mesmo assim o seu campo
não parava de produzir frutos. Então lhe veio a ideia de destruir os celeiros e
construir outros maiores para juntar ainda mais frutos. O seu objetivo
principal era viver em “paz”, na
segurança de que nada, um dia, lhe faltaria, podendo dizer a sua alma todos os
dias: “Você
tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma,
beba e alegre-se’. A resposta de
Deus a este homem foi totalmente diferente daquilo que é dito nos dias de hoje:
"Contudo,
Deus lhe disse: ‘Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida.
Então, quem ficará com o que você preparou’?”
(Lc 12.20).
Este homem, assim como muitos nos dias de hoje, era rico
diante dos homens, entretanto, miserável perante Deus. Não existe Ted, Doc ou transferência
online do dinheiro deste mundo para a conta bancária que temos no céu. A notícia
ruim (pelo menos para alguns) é que um dia nós vamos morrer. Onde você tem mais
riquezas? Na terra ou no Céu? Você é rico ou próspero?
O “deus” que você servirá será aquele em qual você colocará a
sua confiança a respeito do amanhã. Não há como servir a dois senhores; “não
podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6.24). Em quem está a sua confiança no
tempo de crise? No homem ou em Deus? Em Deus ou em mamom (o deus das riquezas)?
O propósito de Deus não é nos tornar ricos, mas santos. Tudo
Ele fará cooperar para que isto aconteça. Muitos usam erradamente o texto de Rm
8.28 afirmando que o “bem” que Deus quer fazer por nós, são os bens que Ele
pode nos dar. Mas eu convido a estes para analisar o verso seguinte, no qual
está o único e verdadeiro propósito: “fazer
que sejamos a imagem de seu Filho Jesus” (Rm 8.29). O que você considera benção
de Deus? Suas “aquisições” ou o caráter de Cristo que tem sido gerado em você?
Não se deixem enganar, meus irmãos!... Deus que conhece
nossas tendências pecaminosas, sendo uma delas a ganância, por Seu Espírito,
trabalha em nós o “contentamento”, para que toda a avidez por dinheiro e pelo poder
sejam anulados pela a satisfação qual precisamos ter somente em Deus, como está
escrito: “De
fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada
trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o
que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos” (1 Tm 6. 6-8 NVI).
O estilo de vida que Jesus nos propôs soa estranho a
filosofia “luciferiana” (que não tem contentamento nos lucros). Cristo nos
prometeu o básico: comida, bebida e roupa. Ele é bom e por sua misericórdia nos
abençoa com mais. Contudo, a Bíblia garante somente o básico. Se Jesus disse
para “não nos inquietarmos por nada”, porque, então, vivemos ansiosos por
tudo? Simples! Nossa preocupação não é
com a falta de arroz e feijão, mas com a coca-cola e o pudim. Nosso anseio está
em ostentar que estamos bem; que somos abençoados porque viajamos ou porque
temos um iphone, ou se não, porque dirigimos o carro importado, qual trará os aduladores
para nos estimar e alimentar o nosso ego. É disto que provém as nossas
inquietações. Não é pela falta do básico, mas do supérfluo. Como disse C. S.
Lewis: “Suponho (embora pareça duro demais
dizer) que nos importaríamos menos com a humilhação se fossemos mais humildes”.
E como é sabido, não há outro método de construir humildade em nós que não seja
através de humilhações.
A Bíblia diz que os que querem ficar ricos caem em tentação,
e cilada, e em muitos desejos tolos e nocivos; o fim destes homens e mulheres é
a ruína e a perdição. O amor ao dinheiro é a raiz de TODOS os males, e muitos
por amaram as riquezas estão atormentados e são atormentadores (1 Tm 6. 9-10). C.
S. Lewis diz que o bom (no que concerne à dor e as preocupações
financeiras), é viver cada dia e cada hora, sem acrescentar o passado nem o
futuro ao presente". Agostinho dizia que Deus dá quando encontra mãos
vazias.
A
proposta do evangelho é viver, e viver com abundância. Abundancia do que Deus
diz, e não do que o homem pensa. Jesus disse que a VIDA é mais importante que o
alimento, e o corpo, mais do que as vestes (Mt 6.25). Logo, então, não procrastine
mais a sua alegria somente para o dia em que tudo estará ordem. Este dia não
vai chegar, pois os problemas nesta terra nunca serão solucionados todos de uma
vez. Talvez, hoje, você não tenha motivos para se alegrar nas situações, mas
certamente você possui muitos outros para se alegrar em Deus (Fp 3.1). O Pai
sabe do que você precisa antes mesmo de você as pedir a Ele.
O
nosso alvo, mais uma vez digo, não é ser rico, mas santo; não é ser milionário,
mas rico em Deus. E isto do modo que Deus pensa e não pelo qual o mundo prega.
Portanto, ser próspero não é ser rico, é ser
grato em toda e qualquer situação, pois quem no pouco é fiel, sem dúvidas, no
muito será colocado.
Considere este artigo e arrazoe isto em seu
coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
fabio.solafide@gmail.com