Por Fabio Campos
Texto
base: “Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de
Apolo; porventura não sois carnais?” – 1
Coríntios 3.4 AFC
O grande reformador, Martinho Lutero, ao se deparar com o partidarismos
que se criou em torno da sua pessoa, devido a reforma, muito sabiamente e no temor
de Deus, usando o texto de 1 Co 3.4-5 para fundamentar sua exposição, disse:
“Em
primeiro lugar, peço que não citem meu nome e não se digam luteranos, mas
cristãos. O que é Lutero? Esta doutrina realmente não é minha. Eu não fui
crucificado para ninguém. São Paulo, na 1º Epístola aos Coríntios (III, 4-23),
não tolerava que os cristãos se dissessem discípulos de Paulo ou de Pedro, mas simplesmente
cristão. Como eu, pobre envoltório de carne malcheirosa e prometida aos vermes,
poderia sonhar, pois, que meu miserável nome fosse dado aos filhos de Cristo?
Não, caros amigos, vamos extirpar esses nomes partidários e chamemo-nos de
Cristão, pois, de Cristo nos vem a doutrina que temos” [1].
Esta
breve palavra é direcionada aos meus irmãos pentecostais que vez em quando são
expostos ao “ridículo” pelos “santos sabichões”. Tenho visto em muitos grupos
nas redes sociais, questões levantadas por estes irmãos do tipo “posso ser pentecostal calvinista”? Ou,
então “o dom de línguas é para atualidade”.
Isto me preocupa bastante! Não somos cristãos? Mas ao que pensa diferente, não faças perecer aquele a favor de quem
Cristo morreu” (Rm 14.15).
Irmãos,
graças a Deus que nossos principais teólogos, em solo brasileiro, não são
partidários. Mesmo que tenha sua posição acerca do que é secundário, eles
convivem muito bem com as posições divergentes. Você não vai encontrar
partidarismo entre o Augustus Nicodemus (calvinista presbiteriano) e o Dr. Paulo
Romeiro (pentecostal clássico). Isso é maturidade! Já viu o Dr. Russell Shedd,
Hernandes Dias Lopes e Luiz Sayão discutir estas questões? Eles até podem
defender suas posições, mas vão reconhecer como muito temor a posição daquele
que difere deles.
Quanta
falta de temor vejo em alguns artigos e comentários nas redes sociais quando o
contexto é “assuntos teológicos”. Fico a pensar -, será que esta pessoa sabe
que Deus acolheu para Si o pentecostal (Rm 14.3)? Grande parte dos irmãos mais
simples são oriundos do pentecostalismo. Na periferia Jesus é o advogado, o
médico, e o juiz desses irmãos mais “humildes” na suas condições intelectuais e
financeiras. Eles não tem para onde correr a não ser para Jesus. Será que não deveríamos,
então, acolhê-los como Cristo os acolheu sem discutir opiniões (Rm 14.1)? Será
que Deus toma partido nestas discussões e se alegra em ver alguém destruindo a
obra que Ele mesmo fez (Rm 14.20)?
O
grande apologista C. S. Lewis, disse que “os
pecados da carne são maus, mas, dos pecados, são os menos graves. Todos os
prazeres mais terríveis são de natureza puramente espiritual: o prazer de
provar que o próximo está errado, de tiranizar, de tratar os outros com desdém
e superioridade, de estragar o prazer, de difamar” [2]. Ele
(Lewis) faz uma interessante distinção entre os pecados cometidos devido ao instinto
animal (aquilo que é inerente a nossa natureza) e o pecado diabólico (aquilo
que é inerente à natureza de lúcifer). Ele diz que o “’ser’ diabólico é o pior dos dois. É por isso que um moralista frio e
pretensamente virtuoso que vai regularmente à igreja pode estar bem mais perto
do inferno que uma prostituta” [3].
Todo
estes partidarismos como disse Paulo, provém de irmãos salvos, mas carnais. É
importante salientar que há irmãos carnais que possui um vasto conhecimento teológico
e um tempo considerável de caminhada com Deus (1 Co 3.1-3). Todavia, como disse
o Espírito por boca do Apóstolo: “Quem
entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno
proceder, as suas obras” (Tg. 3.13). Mas se houver inveja amargurada e
sentimento partidário, aí há toda espécie de sentimento ruim; há uma aparente
sabedoria, no entanto é demoníaca (Tg 3. 14-18).
Alguns
desconhecem o “pentecostalismo clássico” e faz disso pretexto para baderna. Sou
contra isso! Mas como pentecostal, com temor e tremor, digo: “Pela sua graça, Cristo
nos aceitou”. Aleluia! E se Deus é por nós, quem será contra nós? É isso,
irmãos! Procure sim, dialogar! Entretanto, tenha critério e peça a Deus o
discernimento a respeito daqueles que “não
junta, mas só espalha”. A estes, evita-os (Tt 3.10).
Considere este artigo e arrazoe
isto em seu coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
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Notas:
[1] LUTERO,
Martinho. A Liberdade do Cristão. São Paulo, SP; Escala, 2007, p. 65.
[2] LEWIS, C. S. Cristianismo
puro e simples. São Paulo, SP; Martins
Fontes, 2014, p. 135.