Por Fabio Campos
Texto
base: “Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao
homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias”. – Eclesiastes 7.29 (AFC)
Tudo o que Deus faz é bom. Ao homem o Senhor o coroou com a
“sua imagem e semelhança”, e com ele partilhou alguns dos seus atributos como
justiça, bondade, criatividade, entre outros. Assim o Senhor colocou o homem em
um jardim, plantado pelo próprio Deus (Gn 2.8). Não faltava coisa alguma ao
homem. Todo alimento necessário foi dado a ele (Gn 2.9). Até a carência emocional
de foi suprida, pois Deus, da costela do próprio Adão lhe fez uma companheira
idônea, para que, juntos, pudessem “multiplicar e administrar o planeta criado
pelo Senhor” (Gn 1.28).
Tudo corria conforme fora ordenado por Deus até que chegou a
serpente com uma proposta. A serpente, o “mais astuto de todos os animais” (Gn
3.1), ofereceu ao homem a fruta que Deus tinha o proibido de comer. Todavia, o “conhecimento
do bem e do mal” – a independência de Deus -, agradou Eva que depois convenceu
Adão a também comer da fruta. A emancipação do seu criador fez o homem cair “em
muitas ciladas”.
Foi a partir daí que vieram todas as desgraças que se
encontram no mundo. Todo esta “historinha folclórica” (como taxam alguns)
trouxe uma série de consequências: dores no parto; contendas entre marido e
mulher; fadiga no trabalhar para se ganhar o sustento; os desastres naturais; a
morte física do homem; e a principal - o homem foi lançado fora da presença de
Deus. Todas estas consequências é a raiz de todos os males no mundo (Gn 3.1-20).
O homem se corrompeu e por isso de nada pode queixar-se contra o seu Criador,
como está escrito: “Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um
dos seus próprios pecados” (Lm 3.39 ARA).
É isso, Deus fez tudo perfeito, e o homem Ele o fez reto. Entretanto,
o homem se meteu em várias astúcias, ou seja, ele preferiu e prefere se meter
em “encrencas”. A equidade, a justiça e a retidão estava no homem de modo
perfeito no princípio. Mas ele preferiu a sagacidade. A palavra “astucia”, de
princípio, não tem uma conotação ruim. Trata de alguém esperto, sábio e
inteligente. Todavia, é importante salientar que esse adjetivo foi dado primeiramente
ao diabo. Logo, então, tal coisa tornou-se uma faculdade adquirida para enganar
através de uma aparente verdade que leva ao erro”. Por isso que “Deus tornou louca a sabedoria deste mundo”
(1 Co 1.20). Infelizmente muitos têm sido enganados pela a astuta serpente, e
foram corrompidos no seu entendimento, apartando-vos da simplicidade e pureza
devidas a Cristo (2 Co 11.3).
Não há nada fora do homem que contamine o homem, mas o que
está no seu coração, e que pela sua boca é externado e pelos atos, consumados. Eu
creio que exista socialistas em sua integridade, trabalhando para um convívio
melhor e na defesa daqueles que mais precisam. A questão é quando alguns deles
colocam a culpa do mal na sociedade e não no indivíduo. A culpa é sempre de um
contexto desfavorável e nunca de um coração corrompido e perverso. O contexto
desfavorece, todavia, a Babilônia e o Egito nunca poderá tomar lugar dentro de
um coração reto e íntegro, como foi o caso de José e Daniel.
O marxismo quer mudar a sociedade sem mudar o homem. No seu
ateísmo tira Deus de cena (pois para eles Deus é o ópio do povo) e colocando-se
na posição de “conhecedores do bem e do mal”. A igreja cristã, algumas e não
todas, têm entrado por um caminho escorregadio, a saber, o “evangelho social”.
Usam o texto de atos (2) para fundamentar suas posições. O interessante é que,
até aquela “prefeita comunidade”, onde todos tinham tudo em comum, e dos seus
bens partilhavam, houve quem se corrompeu. O casal, Ananias e Safira, se
deixaram levar pela serpente astuta, e mentindo não para Deus, mas sim aos homens,
reteve parte do que fora combinado para as doações.
Com o crescimento desta mesma igreja já não vemos mais essa
atitude nos relatos bíblicos, pois onde há pessoas, há também corrupção. Quanto
mais pessoas, mais corrupção. Aquele modelo do princípio já não era mais um
estilo. Alguns homens passaram a viver ociosamente, nas igrejas espalhadas, esperando
apenas por doações, esquecendo que o trabalho é digno e o ganho do pão era algo
nobre. Em alerta para qualquer tipo de “vadiagem e ociosidade”, a Escritura diz:
“... se alguém
não quiser trabalhar, também não coma” (2 Ts 3.10).
A igreja precisa ser luz também no campo social. A Escritura
dá uma importância a este ministério (At 6. 2-3). A ordem bíblica é
"visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e em suas necessidades.
Contudo, muitos se vangloriam das suas práticas e esquecem da segunda parte do
verso (Tg 1.27), ou seja, “não se deixar corromper pelo mundo”. Como, então,
podemos mudar o mundo se não conseguimos mudar a si mesmos? Expor nossas
boas-obras, se conformando com este mundo, e se amoldando a ele, é, sem
dúvidas, "trapo de imundície" perante Aquele que conhece todas as
coisas. Talvez, o “Terceiro Setor” é a área que mais há corrupção dentre as que
existem. Muitos criam ONGs, infelizmente, apenas para “maquiar” a roubalheira
que está por de trás. O Terceiro Setor, sem dúvidas, é um “bom” solo para se
plantar e colher os frutos do “ganho ilícito”.
Temos, sim, uma [grande] responsabilidade social perante
Deus. Muitos estão tentando fazer algo, entretanto, da forma errada. Outros
sabem como fazer, mas não o fazem. Que Deus me ajude na minha obrigação. Mas se
fracassarmos dentre de casa, para com a nossa família, até ganharemos o mundo,
todavia, perderemos a alma. Se não formos referências para o nosso bairro,
como, então, o seremos para o mundo? A postura vale mais que o discurso. Honra
e caráter não se compra, mas se constrói em toda uma vida. Como é feliz o filho
que pode dizer o nome do seu pai sem nenhum constrangimento. Se fracassarmos
dentro de casa, fracassaremos em tudo.
Não adianta gritar por justiça se formos maus pais - filhos
rebeldes - maridos e esposas contenciosos. Passaremos a viver uma mentira. Nossos
cursos acadêmicos serão apenas para inflar nosso ego, mas não terão valor
nenhum naquilo que de fato é proveitoso. A integridade e o caráter ainda são os
melhores argumentos para um debate e também é a ferramenta mais eficaz para uma
transformação social.
Dentro do plano “temporal” as coisas não eram para ser assim.
Do ponto de vista da eternidade, Deus em sua soberania, na sua “secreta vontade”,
sabe o que faz. Mas ainda não estamos na eternidade. Tudo é muito simples, mas
nós complicamos tudo. A culpa? Não é de uma massa ou um de um grupo exclusivo
de pessoas – seja pobre ou rico -, mas de todos, pois TODOS pecaram e destituídos
estão da glória de Deus (Rm 3.23). Como disse Matthew Henry:
“A fonte de toda tolice e loucura do mundo está na apostasia
do homem em relação a Deus e sua degeneração de sua retidão primitiva. O homem,
assim que saiu das mãos de Deus, era (como costumamos dizer) a cara do seu
Criador, que é bom e reto. Ele maculado, e, como consequência, dividido pela
própria tolice e maldade”. (Bíblia de estudo Matthew Henry; Ed. Central Gospel;
p. 994; comentário de Ec. 7.29).
Que no exercício da autoanálise, antes de colocar a culpa nas
autoridades, na polícia, nos professores e nos patrões, através de uma reflexão
verdadeira, possamos entender se temos ou não culpa nisto tudo. As nossas
crianças “estão com sede de amor”; quem ama, ensina pelo exemplo.
Que Deus nos ajude!
Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
fabio.solafide@gmail.com