Por Fabio
Campos
Dificilmente vamos ver um “cristão” radical nos
“usos e costumes” restringir o uso do facebook por parte dos irmãos. Antigamente
víamos este comportamento para com a televisão, orkut, entre outros meios;
diziam ser mundanos, e por isso “proibido” segundo a visão de algumas
denominações.
Parece-me que o facebook atenuou os ânimos
ascéticos dos mais dogmáticos. Hoje é comum interagir com pastores por meio
deste veículo. Irmãos de denominações mais “rigorosas” como é o caso da
“Congregação Cristã do Brasil”, “Deus é amor” e algumas vertentes da
“Assembleia de Deus” usam o facebook sem nenhuma acusação na consciência. Em
parte fico feliz por isso. Muitos foram libertos dos “usos e costumes” e estão
partindo para uma base mais sólida na fé, a saber, a doutrina bíblica. O jugo
posto pela liderança sobre a cerviz dos irmãos mais simples no entendimento, de
fato, tem sido aliviado com o acumulo do conhecimento bíblico.
No entanto, precisamos fazer bom uso deste
meio. Infelizmente, o facebook tem se tornado “pedra de tropeço” na vida de
muitos irmãos; seja pelo o que escrevem – seja pelo o que leem – enfim, vigiar
com isso é preciso. Por decisão própria me afastei um pouco das redes sociais.
Pude identificar (a começar por mim) pecados que são cometidos sutilmente por
intermédio desta rede. Trato aqui apenas dez dos milhares que cometemos, pois
se continuarmos a lista, certamente precisar-se-iam gastar dias, e mesmo assim
não chegaríamos à conclusão. Vamos à lista:
1) Frivolidade:
Muitas das nossas expressões são frívolas, ou seja, sem nenhum valor.
Simplesmente escrevemos porque caímos na tentação de postar “o que estamos
pensando”. Alguns dos nossos pensamentos podem ser setas de satanás e
sentimentos confusos ainda não resolvidos. Agora imagina a forma que o leitor interpreta
isto. Você já deve ter entendido onde tudo isso vai parar. É sabido que daremos conta de toda palavra frívola
que escrevemos.
2) Inveja: Quem nunca sentiu inveja passeando pelo facebook? Pois é,
entenda que ali dificilmente alguém vai postar suas derrotas e mazelas; literalmente,
estamos no “país das maravilhas”. Às vezes você está passando por uma luta no seu
matrimonio; de repente, então, se depara com a self de um casal em “alta
temporada”, desfrutando merecidamente de umas boas férias no nordeste do
Brasil, com o seguinte selo: “O amor é
lindo”. Se você estiver cheio do Espírito Santo, isso será apenas uma tentação
e logo, pela oração, ficará alegre pela felicidade dos amigos. Do contrário, se
o seu coração estiver azedo, seus pensamentos não serão bons e você acabará
cedendo ao pecado da murmuração. Cuidado com a inveja por ver a alegria de
outros, pois nem tudo que vemos, de fato, é.
3) Ostentação:
Isso tem muito, postar o que se tem simplesmente para prevalecer sobre outros.
Estar por cima sempre. “Olha só a quantidade de membros que há na minha igreja”,
chamam a glória para si. Muito cuidado, pois sua integridade física também pode
estar em perigo. Você não conhece as intenções dos seus “amigos”. Facilmente
caímos nesta soberba de “mostrar” somente para se “sobressair”, e não muito,
quando estamos mal consigo mesmo, na tentativa de passarmos uma imagem
positiva, mostramos o que temos para encobrir o que não temos. Nossa vida então
passa a ser uma farsa regida pelo pai de toda mentira.
4) Cobiça:
Muitas das vezes, imperceptivelmente, cobiçamos o que não temos; pelo desejo de
ter, nos tornamos ingratos com aquilo que já temos. Isso não se trata apenas de
coisas, mas de pessoas; o homem ou mulher que olha para a “grama do vizinho“ é
um exemplo disso. Examine se há este sentimento no seu coração, quando a
ingratidão com aquilo que você tem bater a porta do seu coração.
5) Ociosidade:
Já diz o ditado popular: “mente vazia é a oficina do diabo”. Pois é, postamos o
que não deveríamos - lemos que não precisamos - e julgamos o que não sabemos.
Como está escrito: “quanto mais palavras, mais tolices sem nenhum
proveito” (Ec. 6.11). Não consigo
entender como um pastor consegue cumprir com suas obrigações ministeriais postando
no facebook o dia todo. E pior, assuntos controvertidos, simplesmente para
obter popularidade e atrair para si a atenção. O simples não faz sucesso, mas a
controversa fomenta o ego caído e nos torna “deuses”, conhecedores do “bem o do
mal”. Muito cuidado com os controvertidos e polemistas do face, ainda que professem
a sã doutrina. Certamente, se ele tem tanto tempo para postar, consequentemente
não tem tempo para orar, e é muito perigoso receber conselhos de pessoas que
não escutam a Deus pela oração. Falam de Deus, mas não falam com Deus. Conheça
a vida de oração de alguém pelo o que ele diz ou posta; muitas das nossas
discussões tolas acabariam se nossa vida de oração fosse mais eficaz. Creio ser
impossível alguém que acabe de levantar de sua oração, cheio do Espírito Santo,
possa logo na sequencia sair discutindo com palavras agressivas.
6) Negligencia
na comunhão: Nossa comunhão com as pessoas e com Deus é negligenciada.
Passamos a “amar” mais os amigos online que não conhecemos, do que os que estão
a nossa volta. Falhamos na comunhão fraternal cristã; os relacionamentos a cada
dia têm se tornados superficiais; não damos a atenção devida a nossa família.
Muitas pessoas deixam seus afazeres profissionais para estar online nas redes
sociais. E o pior de tudo, nossa comunhão com Deus é afetada. Como mencionei,
falamos de Deus, mas não falamos com Deus. Isso é uma tragédia! Tornamos-nos
fracos, áridos, sem a graça e o poder do Espírito; enchemos nossa alma de futilidade;
até aprimoramos nossa teologia (o que é muito bom) por meio dos textos postados,
todavia, nos tornamos raquíticos, pobres, cegos e nus, no que concerne a intimidade
com Deus. Ele fica do lado de fora batendo à porta.
7) Soberba:
Quanta soberba nas declarações e discussões que há no facebook. O intuito na
maioria das vezes não é edificar e nem exortar as pessoas, mas promover o seu
conhecimento e construir um nome para si. Dificilmente alguém reconhecerá em
público o seu erro. O Criador conhecendo a criatura disse que ao “chamarmos a
atenção de alguém”, deveríamos fazer isso primeiramente em secreto. Precisamos
tomar cuidar, pois podemos incorrer no erro de se engrandecer em detrimento do
outro. O anseio de ser “curtido” e “compartilhado” é maior do que o temor a
Deus. A estes o ensino é contrário: “que eu cresça e que Ele diminua”. Apenas entre
em uma discussão quando você tiver certeza que realmente seja necessário, e
também quando estiver preparado para abrir mão do direito da última palavra.
Não caia no engodo de satanás.
8) Sensualidade:
Cuidado com as fotos e dizeres sensuais. Nem todos são cristãos, e este quesito
de nada importará para aqueles que não conhecem as Escrituras. Homem, cuidado
para não cobiçar aquilo que não é seu; a mesma coisa digo às mulheres. O pecado
de ambos anda em sinergia: “o homem gosta de olhar, e a mulher gosta de ser
olhada”. Cuidado com aquilo que você vê, curte, lê e valoriza, pois isso será o
seu alimento, como está escrito: “Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio
de trevas” (Mateus 6.22 NVI).
9) Inimizades:
É comum criarmos inimizades no face sem ao menos conhecer as pessoas. Isso se
dá porque interpretamos os posts conforme nosso “estado de espírito”. Às vezes
alguém posta algo com um intuito, e outra pessoa faz uma interpretação
diferente do que realmente do que aquilo quer dizer. Precisamos tomar cuidado
na dose! Não podemos falar somente de um assunto; tem gente que só fala mal da
religião dos outros; outros só falam mal do PT e do PSDB; já outros gostam de
fomentar a contenda entre irmãos, e pelo litígio das discussões secundárias teológicas,
como por exemplo: “calvinismos x arminianismo” – “tradicionalismo x
pentecostalismo” – “cessacionismo x continualismo”; alimenta o ódio nos arraias,
confundindo os néscios na fé (Rm 14.1). Já exclui muitos “amigos” por conta disto,
e certamente outros também serão. Muito empreendimento para aquilo que não
compensa. Graças a Deus muita das coisas que pensamos que vamos resolver hoje, através
compilação de mais uma teologia sistemática, já foi resolvido por nossos pais
da igreja e reformadores. Se soubéssemos como foi construída a teologia cristã teríamos
mais misericórdia entre nós e amor para com próximo. Que os arminianos tenham
um pouco mais do calvinismo; e que os calvinistas tenham um pouco mais do
arminianismo. Seguimos, então, o exemplo e George Whitefield e John Wesley! Com a virtude e graça destes
dois, mesmo pensado diferente, colocaríamos fogo no mundo.
10) Julgamentos:
Como julgamos através do facebook. Nossa mente imagina sempre o pior do que realmente
as coisas são ou estão. Até choramos com os que choram; mas temos muita
dificuldades em se alegrar com os que se alegram. Muitas vezes nossa tendência pecaminosa
tende a se alegrar com a derrota ou queda do próximo, simplesmente para
justificar nosso pecado: “até que não estou tão mal assim”, assovia o diabo aos
nossos ouvidos nos “consolando”. Isso é simplesmente demoníaco! Aquele que
pensa estar de pé cuide-se para que não caia; e com à medida que julgarmos os
outros também seremos julgados.
Conclusão:
Vimos apenas dez pecados que cometemos por
intermédio do facebook. Precisamos vigiar e orar, pois o diabo tem buscado a quem
possa devorar. Guardemos o nosso coração daquilo que não edifica e do que não
produz a justiça de Deus. Não dê atenção
a todas as palavras que o povo diz (Ec 7.12); não seja menino inconstante levado
por todo vento de doutrina. Não é porque a gramática está correta que o conteúdo
é verdadeiro. Cuidado! Dinheiro na conta, nos dias de hoje, legitima conceitos
errados por pessoas que nada sabem e nada têm, a não ser sua fortuna. Lembrem-se,
o simples acredita em tudo (Pr. 14.15). Seja criterioso, pois do “muito falar nasce a prosa vã do tolo” (Ec
5.3).
Infelizmente o face tem sido um escape para
muitos. Pessoas estão em fuga de si mesmo o tempo todo; não se autoexaminam, e
tudo o que sabem de si, está baseado no que pensam delas; são dependentes dos
outros, das suas curtidas, dos comentários e dos compartilhamentos. Esqueceram
que o verdadeiro homem ou mulher “são conhecidos, antes de tudo, de Deus”. Sua
referencia é o outro, ou seja, se o outro está bem; então, preciso estar melhor;
se o outro está mal; é porque não estão tão mal assim.
Enganando e sendo enganado - vivendo uma ilusão
e um mundo mentiroso, a custa do elogio de quem não o conhece em detrimento
daquele que conhece todas as coisas, até o mais profundo do nosso coração -
assim andam aqueles que pensam que a vida se resume ao “facebook”. Que Deus nos ajude,
pois ainda que usemos o face para entretenimento, de uma forma saudável e equilibrada,
fazemos então para a glória de Deus.
“Em meio a
tantos sonhos, absurdos e conversas inúteis, tenha temor de Deus”. – Eclesiastes 5.7 (NVI).
Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos