Por Fabio Campos
Texto
base: “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro,
e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida”. – 1 Timóteo 1.5 (AFC)
Eu creio que a igreja não está vivendo somente uma crise
doutrinária. Falta pureza e um cotidiano mais simples. Muita gente
“sacrificando sem obedecer”. O desejo de ser evidenciado pelos homens tem tomado o
lugar do desejo verdadeiro em agradar a Deus. Não há mais choro pelo próprio
pecado e nem o desejo de santificação.
Uma fé fingida – relacionamentos superficiais – preocupação
com o próximo apenas por aquilo que ele pode retribuir. Piedade de boca, carregada
de carinho - exegese ortodoxa - longas orações com lágrimas e soluços – simples
protocolos demandados por uma comunidade cristã, mas na grande maioria das
vezes, sem o fogo ardente e sincero; mas já que é um mandamento, então vamos,
pelo menos parecer isso, para que possamos ser conhecidos como discípulos.
O interessante é que Deus ama não porque é amado! Ele ama
porque é amor! Nada o Senhor encontrou em nós digno da sua misericórdia. Ele não
foi seletivo devido nosso desempenho e nem o quanto O amávamos; pelo contrário,
provou o seu amor para conosco que Cristo morreu por nós quando ainda éramos
pecadores. Se o amor procede de Deus, logo, então, precisamos amar-nos uns aos
outros. Ainda que tenhamos o apreço dos homens - o galardão da comunidade - se
não amarmos de fato - não conhecemos a Deus, pois Ele é amor. Somente desta
forma permaneceremos nEle e Ele em nós. Quem não ama está nas trevas!
Às vezes vejo mais graça nos lábios e misericórdia no coração
naqueles que não pertence a uma igreja evangélica. Acolhimento, doçura no
falar, misericórdia para com os erros, e etc., é mais constante na casa de um gentil
(assim rotulado por nós). Podemos aprender com Cornélio, centurião romano, o
qual foi a princípio renegado por Pedro por ser gentil. Mas tanto ele como sua
família, era piedoso, temente ao Senhor e que dava muitas esmolas ao povo e
orava continuamente a Deus.
Você já pensou se Deus escolhesse através do merecimento
aquele a quem Ele amaria? Nós somos seletivos a quem devemos amar e nos
aproximar. Talvez a prudência legitime esta atitude [da proximidade]. Todavia,
outros, visam seus interesses em jogo. O tempo passa e tal pessoa não poderá me
ajudar no que eu projetei, então não convém perder meu tempo com alguém assim.
Não! Amar a Deus neste caminho é impossível, pois mentiroso seremos tidos, por
dizer, que amamos a Deus a quem não vemos, deixando de fazer o bem (sabendo
fazer) por aquele o qual vemos.
Mas quem subirá ao monte do Senhor? “Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua
alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Sl 24. 3-4). O ministério, os
dons, a vocação, nada são se não houver “o amor de um coração puro, de uma boa consciência,
e de uma fé não fingida” (1 Tm 1.5). Somente os limpos de coração verão a Deus (Mt
5.8).
O “movimento pietista” foi mal compreendido por muitos no
decorrer da história. Creio que sua essência tem muito a nos ensinar. Ou seja, um
cristianismo autêntico e uma fé viva, eram alguns de seus pilares. Como disse
Calvino: “Porque o evangelho não é uma doutrina
de língua, mas de vida”. Diziam que a “pureza
do ensino e da doutrina seria melhor mantida pelo arrependimento genuíno e pelo
viver santo do que nas disputas teológicas e nos livros de teologia sistemática”
[1].
Não devais nada a ninguém a não ser o amor. Certamente! Estou
em falta! A igreja de um modo geral (a exceções isoladas) precisa de mais
pureza – de uma alma mais leve, purificada pelo Espírito Santo - pois somente
assim estaremos obedecendo à verdade, aperfeiçoados nas boas obras que é, o
amor fraternal (e não fingido); aquele que ama uns aos outros de um coração
puro (1 Pe 1.22).
Que Deus nos ajude a cuidarmos de nossa família na fé, levando
em conta que Deus acolheu para si (Rm 14.1) aquele que rejeitamos deliberadamente.
'Os pobres
de espírito veem e se alegram. Oh! Vocês que procuram por Deus, tenham coragem!
Pois o Eterno ouve os pobres, Ele não abandona o infeliz'. - Salmos 69. 32-33 (A mensagem; E.P).
Considere este artigo e arrazoe
isto em seu coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
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Notas:
[1] OLSON, Roger. História
da teologia cristã. São Paulo-SP: Vida
Acadêmica, p. 490.