Por Fabio Campos
Texto
base: “Você lhes falará as minhas palavras, quer ouçam quer
deixem de ouvir, pois são rebeldes”. – Ezequiel 2.7 (NVI)
Não vim de um lar “protestante” e sabendo do que me aguardava
quando me converti, perguntas e interrogatórios, diante de mim se apresentou um
grande desafio: “se preparar para
responder àqueles que me perguntassem à razão da minha esperança” (1 Pe
3.15). Mal sabia que estudara a Palavra não para responder somente aos de minha
casa, mas a alguns irmãos evangélicos que não são muitos chegados a “doutrina”,
“teologia”, “estudo bíblico” e “ortodoxia cristã”.
Convencido estou e na própria pele tenho experimentado que
aquele que ama a Palavra de Deus e a defende [fazendo apologética] jamais terá uma
popularidade elevada e por muitos serão taxados de “fariseus hipócritas”. Todo
estudioso das Escrituras já ouviu de um “abençoado”: “A letra mata, mas o Espírito vivifica”, não é verdade? Não vou
entrar no mérito para explicar tal texto, mas dizer isto sem contexto,
arrumando pretexto, é chamar a bíblia de “homicida”. Será mesmo cristão quem
fala tal coisa deliberadamente enquanto o salmista diz: “Como eu amo a tua lei!
Medito nela o dia inteiro” (Sl 119.97).
Um grande engano é cometido por aqueles que chamam alguém de “fariseu”
pelo fato deste defender a ortodoxia. Jesus nunca repreendeu os fariseus por
defender as Escrituras. Antes, os pôs, por exemplo: “Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem” (Mt 23.3a). Jesus os reprendeu pela hipocrisia, ou
seja, de pregar o que é certo, entretanto, não praticar aquilo o que pregavam: “Mas não façam o que
eles fazem, pois não praticam o que pregam” (Mt
23.3b). Ai de nós se o povo judeu, incluindo os fariseus, não preservassem
a Palavra de Deus e por Ela não tivessem dado sua própria vida!
O livro apócrifo de 2 Macabeus nos traz um relato importante
a respeito do amor dos judeus concernente as Escrituras Sagradas. Este livro [apócrifo],
para nós protestantes e para o povo judeu, chamados pela igreja católica de “deuterocanônico”,
não têm valor normativo e doutrinário, mas apenas valor histórico acerca de
algumas informações de fatos ocorridos entre Malaquias a Mateus.
No capitulo 7 há um relato onde uma mãe e seus sete filhos
foram presos pelo o rei selêucida. Antíoco estava coagindo aquela família judaica
a comerem “carne de porco”, proibida pelos escritos de Moisés. Sem titubear um
deles disse: “Estamos prontos a morrer antes de violar as leis de nossos
pais” (V.2). O rei então ordenou que
aquecessem caldeirões - que cortassem a língua do que falara (por)
primeiro e, depois que lhe arrancassem a pele da cabeça, que lhe cortassem
também as extremidades, tudo isso à vista de seus irmãos e de sua mãe.
Assim
fizeram com ele toda essa barbaridade e o mataram. E sucedeu assim também com
os cinco próximos, restando o sétimo. O jovem remanescente não coagido pelo rei
se pôs disposto também a morrer através de tais flagelos em obediência a
Palavra de Deus. O rei mandou que a mãe se aproximasse e o exortasse com seus
conselhos, para que o adolescente salvasse sua vida. Ela aparentemente
convencida pelo rei disse ao único filho que lhe restara:
“Meu filho, compadece-te de
tua mãe, que te trouxe nove meses no seio, que te amamentou durante três anos,
que te nutriu, te conduziu e te educou até esta idade. Eu te suplico, meu
filho, contempla o céu e a terra; reflete bem: tudo o que vês, Deus criou do
nada, assim como todos os homens.Não temas, pois, este algoz, mas sê digno de
teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te encontre no
meio deles.Logo que ela acabou de falar, o jovem disse: Que estais a esperar?
Não atenderei às ordens do rei; eu obedeço àquele que deu a lei a nossos pais
por intermédio de Moisés” (V 27.30).
No
ato da morte o jovem bradou: “A
exemplo de meus irmãos, entrego meu corpo e minha vida em defesa às leis de
nossos pais”. E assim este morreu com crueldade ainda
maior da de seus irmãos e “seguindo as pegadas de todos os seus filhos, a mãe
pereceu por último”. Sinto-me envergonhado
diante deste relato - o quanto ainda sou displicente para com a Palavra e de não
dar a ela o devido valor no país que me encontro. Nunca fui agredido por estar
lendo a Bíblia em público.
Como é lamentável escutar irmãos defendendo “falsos profetas”
dizendo que estes pelo menos estão fazendo a obra ainda que não coerente com o
ensino escriturístico. Parece que o discurso é padrão: “cabe a eu servir e não
julgar, pois Deus os julgará”; e também: “por causa deste tipo de estudo,
muitos se desviram e Deus vai requerer o seu sangue”. Por esses dias um irmão
me disse sem nunca ter conversado pessoalmente comigo, que eu estava “cheio de
teoria” e que, muitos não davam frutos, pois ficam apenas sentados atrás do computador
criticando e não fazem nada pelos outros.
Pois é, não importa o meio; o importante é o resultado, é o que
me parece ser o crivo destes. Nesta pequena “discussão” este irmão não citou ao
menos uma vez a Bíblia, a não ser “o famoso jargão” daqueles que apelam por não
conhecer as Escrituras: “A letra mata,
mas o Espírito vivifica”. De fato, precisamos ser ouvintes praticantes. Mas
como saber do que Deus se grada sem conhecer as regras? Certa vez disse Thomas
Watson: “Os praticantes da palavra são os
melhores ouvintes”. Não adianta ter zelo por Deus sem o conhecimento do que
Ele realmente ordenou (Rm 10.2). Este zelo se tornará “trapo de imundície”, como
está escrito: “Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de Deus” (Rm 10.3).
Amados, que Deus tenha misericórdia desta geração, a qual tem
mais compromisso com a “música gospel” do que com o estudo da Palavra de Deus.
Como lamento pela memória curta da maioria dos crentes de nossos dias. Não
conhecem sua história e da origem daquilo que se dizem fazer parte, e que em
todas as épocas houve mártires para preservar este livro que eles mesmos chamam,
ainda que indiretamente, de “homicida”! quando com através dele são confrontados:
A “letra MATA”.
Paul Washer relatou em uma de suas ministrações “o menino,
Andrew Mayman, muçulmano, levou 5 tiros no seu estômago e que logo após o
deixaram na calçada simplesmente porque ele exclamou: 'Estou com muito medo mas
eu não posso negar Jesus Cristo. Por favor não me matem mas eu não o negarei.' Assim, Paul Washer, confrontou a atitude
deste garoto com a igreja atual, dizendo: “E você se diz um cristão radical porque você
veste uma camiseta gospel e vai a um congresso."
Deus zela pelos seus e honra por todos os que amam a Sua
Palavra. É verdade que muitos têm uma ortodoxia morta e árida, e que não
praticam, assim como os fariseus, aquilo que pregam. Mas outros são instrumentos
levantados pelo Senhor Jesus para despertar uma igreja que está dormindo à
sonífero dos falsos profetas.
“Acautelai-vos” é a ordem de Nosso Senhor! Em temor e
pedindo muita graça para Deus fico e quero para a minha vida o que disse o Dr. Martyn
Llod-Jones: “Sinto que estaria traindo minha
missão e a chamada de Deus para o ministério cristão se não expusesse a
verdadeira doutrina da palavra de Deus, qualquer que seja a opinião moderna”.
“Muita paz
têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço”. – Salmos 119.165 (NVI)
Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
fabio.solafide@gmail.com
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