Por Fabio Campos
O melhor
livro que pude ler sobre este ensino tão difundido nos dias de hoje: “A Teologia da Prosperidade”. O livro
trata das “esperanças e das frustrações no Brasil neopentecostal”. Como de costume, compartilho com outros
irmãos daquilo que o Senhor tem me acrescentado. Esta obra ajudará o cristão a
identificar igrejas que abusam do autoritarismo entre outras coisas. Muitos
pensam que a “Teologia da prosperidade” trata apenas de dinheiro. De fato, este
é seu carro forte. Contudo, vai além! “Trata do culto a personalidade do líder
– “confissão positiva” – "batalha espiritual estética” -, entre outros ensinos
espúrios que são contrários aos ensinos das Escrituras.
Por
muitos anos o Dr. Paulo Romeiro vem se especializando no assunto. Suas obras
“Supercrentes” e “Evangélicos em Crise” têm uma abordagem mais apologética do
assunto. Já “Decepcionados com a graça” traz uma abordagem acadêmica, fruto de
sua tese de doutorado pela Universidade Metodista de São Paulo. A seriedade da
obra se percebe logo pelo prefácio. O pastor Ariovaldo Ramos endossa a escrita
em alta estima, dizendo que a obra surgiu como um instrumento de esperança para
a leva de pessoas decepcionadas com este movimento.
É
uma obra riquíssima em informações históricas. Relatos por meio de pesquisas de
campo tornou empírica toda nocividade que este movimento tem sido na história
da Igreja de Cristo. Só em referencias bibliográficas, o Dr. Paulo se utiliza
de 10 paginas para registra-las, ajudando o pesquisador interessado no tema. O livro
é dividido em três partes. Em um modo sucinto, quero abordar os principais
assuntos destes tópicos.
PARTE 1 – A
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO NEOPENTECOSTALISMO
O
livro trata da origem do pentecostalismo a partir do século XX. Ele também
aborda o “motanismo”, o “pietismo”, o “metodismo” como tendo em parte, certa influencia
neste movimento. Aborda os percussores do pentecostalismo atual: o pregador
Charles Parham e Willian Seymour. O movimento pentecostal chegou ao Brasil em
1910 através da Congregação Cristã do Brasil, fundada por Louis Francescon. Contudo, o movimento ganhou força través das
“Assembleias de Deus”. Com a chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg ao Brasil,
a Assembleia de Deus tornou a maior denominação evangélica do país. Logo após
chegou a “Igreja do Evangelho Quadrangular”, fundada em Los Angeles pela canadense
Aimée Semple McPherson. Esta denominação chegou em solo brasileiro através do
missionário Harold Williams. “O Brasil para Cristo” veio na sequencia da
esteira pentecostal. Foi à primeira denominação pentecostal brasileira, fundada
em São Paulo por Manuel de Mello. A Deus é amor, movimento fundado por David
Miranda chegou logo após. A partir da “Igreja de Nova Vida” fundada pelo Bispo
McAlister, a recepção para receber o neopentecostalismo estava pronta. Pois da
Igreja de Nova Vida saíram os principais líderes do neopentecostalismo
brasileiro como Edir Macedo, R. R Soares e Miguel Ângelo, fundador e líder do
ministério Cristo Vive.
Estabelecido
o neopentecostalismo no Brasil, Paulo Romeiro passa então a definir este
movimento pelas principais denominações e delas a obra especifica um pouco de
sua história e o processo de conversão dos seus principais líderes e como foi
implantando estes ministérios. Dentre eles, o pastor destaca: A Igreja Universal do Reino de Deus; A Igreja apostólica Renascer em Cristo;
a Comunidade Sara Nossa Terra; a
Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo;
a Comunidade Cristã Paz e Vida; a Igreja Internacional da Graça e a Igreja Bola de Neve. Várias surgiram
depois da publicação do livro, e talvez a principal seja a “Igreja Mundial do
Poder de Deus”, que tem por líder o apóstolo Valdemiro Santiago.
Ele
aborda os fatores principais que fizeram deste fenômeno [o movimento neopentecostal]
crescer aglutinando multidões. Romeiro trata da “liderança carismáticas dos seus líderes”; as “mudanças de paradigma nos usos e costumes” que vão à contra mão do rigor ascético na conduta e vestimenta de algumas Assembleias de Deus, Deus é a amor
e Congregação Cristã no Brasil. O Dr. Paulo aborda também os fatores que
possibilitou o crescimento: a mudança “da liturgia nos cultos”, ou seja, mais
descontração e entretenimento. Ele trata por meio de pesquisas, o proselitismo
que o neopentecoslismo [o ganho de fiéis] angariou do Catolicismo Romano. A
divulgação da mídia através da rádio e da televisão, através dos
tele-evangelistas, trouxe muitos adeptos para dentro dos seus templos.
PARTE 2 –
OS ASPECTOS TEOLÓGICOS DO NEOPENTECOSTALISMO BRASILEIRO
Esta
parte do livro se inicia falando a respeito da “influencia da confissão
positiva”. Paulo Romeiro aborda o desprezo do neopentecostalismo para com as
doutrinas fundamentais do cristianismo ortodoxo como a “justificação pela fé”,
“adoção”, predestinação” e “escatologia”. Ele também traça as raízes da
confissão positiva no seu líder e preletor Willian Kenyon, até chegar em
Kenneth Hangin. Fala um pouco sobre a expansão controvertida acerca deste
ensino. O enfoque da confissão positiva está na “doença e saúde” [cristão
abençoado não pode ficar doente], “ Riqueza e pobreza” [todo filho de Deus não
pode passar por necessidade], e a ênfase em uma batalha mitológica dualista
entre “Deus e Satanás” focando “as forças do mal”.
“Hermenêutica
da ganância” é o termo que o Dr. Paulo Romeiro tem usado nos últimos dias para
caracterizar os sermões destes pregadores. Ele não usa este termo na obra, mas
trata deste assunto no capitulo 5. A ênfase destes apóstolos e bispos não é
pregar, mas arrecadar. Outra característica abordada na obra acerca do
neopentecostalismo são os “símbolos chamados pontos de contato e as experiências místicas de seus
líderes”. Dentre estes símbolos estão o enxofre, óleo ungido, rosa ungida,
fogueira santa de Israel, sal grosso e copo d”água em cima do rádio ou da TV.
A
liturgia dos cultos neopentecostal foi amoldada segundo o gosto do fiel. Ao
contrário do pentecostalismo clássico que tinha no seu bojo louvores que apregoavam
mensagens de abnegação e busca da felicidade após a morte, de exaltação do sofrimento
e condenação dos prazeres do mundo, as musicas entoadas nos cultos
neopentecostais, incentivam a busca dos bens materiais e da felicidade terrena.
Sua liturgia engloba também novas práticas como “mapeamento espiritual”, “cura
interior com regressão”, “um modelo
de crescimento de igrejas denominado G-12”, “espíritos territoriais”, “cair
no espírito”, “gargalhada sagrada” e “dentes
de ouro”. Segundo o pesquisador Michael Moriarty, as características intrínsecas
no movimento neopentecostal norte-americano são muitos parecidas com as do
contexto brasileiro: “sensacionalismo”,
“culto à personalidade”, “pontos de vista exagerados de libertação”,
“levantamentos escandalosos de fundos”, “fé enganosa”, “excessiva preocupação
com satanás e seus demônios”, “novas revelações como meio de obter a verdade espiritual”
e “crescente desconfiança do raciocínio para obter ou avaliar verdades
espirituais”.
No
capitulo 7 do livro o pastor expõe algumas experiências de “esperanças e
decepções” que alguns fiéis tiveram nestas denominações. Abordagens e pesquisas de campo foram feitas por Romeiro. Os casos continuam a se repetir por este
mundão a fora. É necessário cautela e preparação para receber estes irmãos que
chegam tão machucados a maculados na sua integridade psicológica e espiritual devido a experiências desastrosas. Grande é o desafio da Igreja de Cristo
diante do neopentecostalismo.
PARTE 3 – A
PRÁTICA PASTORAL NO CONTEXTO DA GRAÇA
A todos
os irmãos recomendo a leitura do livro por completo. Aos “decepcionados”, se
possível, leiam pelo menos o capitulo 3. O Dr. Paulo Romeiro trata da
“Maravilhosa Graça de Deus que está em Jesus Cristo”. Ele aborda as bênçãos do Senhor sendo seu favor imerecido, apenas e exclusivamente pela graça a qual
Deus livremente decidiu atuar.
O sofrimento
e as esperança segundo as Escrituras. Como o cristão deve se comportar e no que
acreditar em momentos de tribulações. E quando a oração não é atendida? Questões
fundamentais estas que, pelo o Espírito, no conduz a “responder com mansidão a razão da nossa esperança em meio a
tempestades” (1 Pe 3.15).
Nas
considerações finais, o Dr. Paulo Romeiro, diz que, o neopentecostalismo
brasileiro continuará sendo uma atração e um desafio para os pesquisadores de
religião.
Meu parecer:
Uma frase de Paulo Romeiro trouxe luz ao meu entendimento acerca de Mt 6.24 “ninguém pode servir a Deus e as riquezas”; “O dinheiro pode ser um excelente empregado, mas nunca será um bom padrão”. O texto de Paulo a Timóteo (6.10) traz significado ao que estamos vivendo nos dias atuais: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Uma frase de Paulo Romeiro trouxe luz ao meu entendimento acerca de Mt 6.24 “ninguém pode servir a Deus e as riquezas”; “O dinheiro pode ser um excelente empregado, mas nunca será um bom padrão”. O texto de Paulo a Timóteo (6.10) traz significado ao que estamos vivendo nos dias atuais: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Muitos criticam o ministério apologético, o qual denuncia a doutrina
espúria destes preletores. Contudo, não imaginamos o que se passa por de traz
dos bastidores. A você que não sabe - Deus não levará em conta; ao que sabe e por isso lhe pesa um dever, pois “aquele que sabe fazer o bem e não faz, pecou e
será tido por réu diante de Deus” - é o que diz nosso irmão apologista Judas
[não o Iscariotes]: “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência
acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a
batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3 NVI).
Todo cristão sério que deseja servir a Deus com uma boa
consciência, mesmo que ainda não tenha tido a iluminação de toda essa podridão,
hora menos hora, o Senhor lhe despertará como diz Paulo aos coríntios: “E até importa que haja
entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (1 Co 11.19).
Precisamos apenas estar bem aparados de amor, de piedade e
com a justiça, meios pelos quais são características e instrumentos eficazes de
um servo de Deus para receber estes irmãos que chegarão a nós machucados e “Decepcionados com a Graça”.
“E também
houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos
doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o
Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos
seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da
verdade.E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os
quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não
dormita”.
– 2 Pedro 2. 1-3
Soli
Deo Gloria!
Fabio Campos
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Ficha técnica:
Autor: Paulo Romeiro
Paginas: 257
Editora: Candeia
OBS: Todas as citações
[“”] foram extraídas do próprio livro [“Decepcionados com a graça”] exceto as
citações bíblicas as quais foram introduzidas pelo autor da resenha [Fabio
Campos] apenas para trazer luz ao objetivo do contexto.