Por Fabio Campos
Texto base: “Irmãos,
não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em
Cristo”. – 1 Coríntios 3.1 NVI
Ao ler algumas postagens no facebook, por vezes, tenho a sensação de que muitos postam apenas por postar. Muitas vezes escrevem o que não deveriam. Expõe-se desnecessariamente – não têm o mínimo de noção em como será recebida à publicação por aquele que está do outro lado telinha. Não sei se trata de alguma “carência de afetividade” ou se o problema é o desejo de aceitação - mas postam o tempo todo, querendo chamar a atenção para si. Uma rotina ociosa é um perigo na frente do teclado.
O fato é que precisamos preservar nossa integridade e
proteger nossa intimidade. De mil amigos, tenho certeza que boa parte não torce
pelo seu sucesso. Seu nome pode estar sendo ridicularizado nos “churrascos de
finais de semana”. Devemos então, fazer o que é certo-, no momento certo - do
modo certo e-, visando às pessoas certas. Estes são bons
quesitos a serem analisados antes de se publicar algo mais sério.
O que mais me preocupa são os irmãos! Principalmente
aqueles que evangelizam ou fazem apologética através das redes sociais. Louvo a
Deus por isso! Contudo, nem todos estão preparados para absorver alguns
ensinos. Se Paulo, o maior apologista que o cristianismo já teve, preocupou-se deste
cuidado, o que diremos nós? Foi justamente isso que ele falou aos romanos – “Acolhei o fraco na fé, não, porém, para
discutir opiniões” (Rm 14.1). Paulo não enfiou goela abaixo a
“sã doutrina” à imatura igreja de corinto, antes, “reconheceu que eram
crianças, carnais, e que por isso precisavam de leite, pois caso entregasse
“alimento sólido”, eles não iriam suportar (1 Co. 3.1-3).
Tal atitude do apóstolo ganhou minha atenção. Sua postura
– seu equilíbrio – e, principalmente o seu amor para com aquele que Cristo
acolheu (Rm 14.4). O alvo deste cuidado são os crentes “carnais”, que indica
“fraqueza”, “fragilidade” e “imperfeição” [no estudo]. Carnal aqui não
significa necessariamente “pecado” – refere-se a irmãos imaturos que estão mais
propensos a coisas do mundo ou terrena. Quando ele usa “meninos”-,
metaforicamente, trata de “bebê”, uma “criança” ou “alguém sem instrução e sem
esclarecimento”. Estes são alvo do cuidado de Paulo.
A verdade sempre deve ser dita, todavia, há formas de
fazermos isso! Tanto o “leite” como o “alimento sólido”, elementos usados por
Paulo para ilustrar e trazer luz a situação, trata justamente, e
simbolicamente, da verdade. Jesus mesmo disse que “tinha muita coisa a dizer, mas que naquele momento os discípulos não suportariam”
(Jo 16.12). Por isso os poupou daquela conversa. O leite figura esta empregada
por Paulo, trata para “designar os primeiros passos da instrução cristã”.
Grande parte de nossas denominações são constituídas de
meninos na fé. Não estou dizendo de tempo, mas sim de maturidade. A Bíblia
ordena os “meninos” a buscarem a maturidade espiritual (Hb 5. 11-14). Ficar na inércia
e acomodado é dizer que não há mais nada a fazer, pois aquele que faz a boa
obra também já a completou. Tal situação é muito ruim para quem a vive!
Certamente são levados de um lado para outro por toda sorte de doutrina e caem facilmente
nas artimanhas de homens astutos que induzem ao erro (Ef 4.14). Também se
ofendem com facilidade a qualquer ensino ou pregação mais “dura” por não terem
sua faculdade exercitada para discernir não somente o bem, mas também o mal (Hb
5. 13-14). O menino discerne facilmente o que é bom, entretanto, consome o que
é ruim pensando que é bom. Talvez seja por isso que muitos não gostam do
ministério da apologética e chamam os apologistas de “críticos”.
Em alguns momentos o discurso terá que ser mais enérgico
através do alimento sólido. A disciplina a principio não traz alegria, mas
produz frutos de justiça. Então que seja feita na direção do Espírito e não no
impulso da carne. Muitos desejam ser mestres sem ao mínimo saberem que a eles
haverá um rigor maior no juízo (Tg 3.1). Perigo! Nem todos que vão ler o seu
discurso vão o saber de fato “em que espírito” você o escreveu. Existe muito
menino dando alimento sólido para meninos. Uma mesa farta com feijoada e jabá,
porém, assentada por crianças de menos um ano. Imagina?
Solte ao ar as penas de um travesseiro, e no dia seguinte,
tente recolher pena por pena sem faltar a menos uma. Impossível! Assim também
acontece com a palavra que sai da nossa boca [ou pela escrita través de um
recurso eletrônico]. Jamais teremos a dimensão exata do que causou no coração e
o impacto que trouxe na vida de quem as leu. Precisamos de mais cuidado com o
que postamos – de como postamos -, e para quem postamos. Ainda que seja a
verdade [sólida], nem todos estão preparados para escutá-la, e assim trará mais
malefícios do que benefícios. Lembre-se da postura de Paulo e do Senhor Jesus -
creio que têm muito a nos ensinar.
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
fabio.solafide@gmail.com