Por Fabio Campos
Texto
base: “... tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles
um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”. (Cl 2.15 NVI)
Acharam a mina do tesouro! O mercado da música gospel! Este
segmento tem sido o alvo de grandes empresas e empresários para o lucro. Não
vamos ser inocentes, a prudência das serpentes faz parte da virtude cristã.
Para a rede Globo buscar alianças com líderes evangélicos famosos alguma coisa
tem por de traz do “promover” essas canções. Será a bola da vez a musicalidade gospel?
Como lamento toda essa pompa que tem fantasiado esses “ministros”.
Recentemente um pastor contratou um cantor que está “explodindo” na mídia para
se apresentar em um evento financiado pela igreja local. Tristemente, o servo
de Deus gastou 100 mil reais no custeio dessa apresentação; entre hospedagens, infraestrutura
para o “show”, e viagem, o que me espantou foi o cachê. Quarenta e dois mil
reais! Quer mais? O show foi cancelado minutos antes de se iniciar devido ao
não cumprimento de algumas “cláusulas contratuais ($$)” conforme divulgado no twitter
do cantor.
O bom senso vem junto do discernimento; de onde o pastor tirou 100
mil para realizar um “show”? Lógico que do caixa da igreja! Quem são os que
financiam as obras da denominação local? Os fiéis por meio dos dízimos e das ofertas!
Meu Deus! Todos estão com os bolsos cheios ao ponto de rasgar dinheiro com tudo
isso? É por meio da lã das ovelhas que os lobos acumulam suas gorduras. Sabia
que nessa igreja existe pelo menos um membro que está com a sua luz cortada por
falta de pagamento devido a uma crise que bateu em sua porta? Pois é, triste
realidade! Jesus mesmo disse que “os pobres sempre estariam conosco”. Não há
igreja rica que não exista um pobre.
Um irmão muito simples me disse que estava com vontade de ir ao
show desse cantor. Mas porque o valor era 40 reais não poderia comparecer.
Minha orientação a ele foi que não fosse! Além do preço alto, as letras que
iriam ser proferidas, teriam apenas técnica musical, mas sem conteúdo naquilo
que Lutero diz: “O louvor é um sermão
cantado”. Tudo bem, não há problemas em se pagar quarenta reais para assistir
uma apresentação; mas para onde vai toda essa renda? Quais as obras sociais
envolvidas para o benefício; se tiveram que cancelar por causa do dinheiro,
logo parte desse recurso não tinha por destino em ajudar os órfãos e as viúvas
em suas necessidades, pois “cavalo dado
não se olha os dentes”, mas sim em pagar o mercenário dito cantor. Isso me
enoja.
Os espetáculos da Bíblia difere um muito dos realizados diante dos
fãs frenéticos. O maior deles [espetáculo] projetado nas Escrituras foi o da
Cruz; escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Uma morte horrenda,
digna de pena, imposta ao pior dos criminosos, se tornou o espetáculo PÚBLICO à
vista de todos; mas poder de Deus para os que creem. Aí daquele que se diz
cristão e não prega o Cristo crucificado! Os irmãos da igreja primitiva foram
expostos a um espetáculo de vergonha e humilhação por não negarem o Senhor
Jesus Cristo (Hb 10.33). Alguma coisa está errada! Shows com estrutura de
altíssimo padrão, cachês altos, milhões de fãs, de fato, o mercado está
inflacionado. Só há consumo porque existem consumidores! Essa é a lei da oferta
e demanda arrazoada pela ciência da economia! A mídia sabe que evangélicos não
compram CD’s piratas (pelos menos assim deveriam). O empresário ambicioso
fomenta o amor ao dinheiro, e muitos por aderirem suas orientações acabam se
desviando, atormentando-se em muitos sofrimentos.
Não vejo problema ir a uma apresentação prestigiar o seu cantor
favorito. Mas fazer da adoração um show e do cantor um “deus”, além de ser uma
adoração a Mamon, é satânico, e nada tem haver com o Filho de Deus que é manso
e humilde de coração; Ele mesmo disse: “Beba de graça da água da vida” (Ap
22.17). Tudo tem um custo e precisa do patrocínio para sua manutenção; creio
ser a oferta de fundamental importância em cumprimento da ordem bíblica que diz
“digno é o obreiro do seu salário”.
Mas oferta é uma coisa; cachê para megalomaníacos é completamente diferente: “De fato,
a piedade [Evangelho] com contentamento é
grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos
levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso
satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em
armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos”. (1 Tm
6.6-9 NVI)
Minha oração é que Deus abra nossos olhos e inquiete nosso coração
concernente ao que traz glória ao homem; que o Senhor tome o seu lugar e destrone
toda personalidade carismática ostentada nos palcos humanista com letras
antropocêntricas. Que nossa glória seja a cruz de Cristo; que o meio para
atrair pessoas ao Evangelho seja unicamente o Nazareno. Ele se fez carne, tornando-se
homem e servo de todos para a Glória de Deus, por isso está escrito... “não
ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes” (Rm
12.16).
Espetáculos?
Shows? Que sejam então nos parâmetros bíblicos; passou disso, vem do maligno:
“Viemos a ser um espetáculo para o mundo, tanto diante de
anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são
sensatos em Cristo”! (...) “Até agora estamos passando fome, sede e necessidade
de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e
trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados,
abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos
amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo”. (1 Co 4. 9, 11-13 NVI).
Soli Deo Gloria!
Fabio Campos
Fabio.solafide@gmail.com