Por Fabio Campos
Texto
base: “Nada há fora do homem
que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o
contamina”. (Mc 7.15 ARC)
INTRODUÇÃO
O misticismo é uma marca registrada
em nosso país. O sincretismo entre cristianismo e as religiões afro-brasileiras
possibilitou algumas superstições que não encontram respaldo bíblico. Desde os
tempos antigos foi desta forma. Quando o cristianismo se tornou a religião
oficial do império Romano, a cultura pagã foi introduzida e adaptada em seus
rituais. Fato é que, os ‘santos’ da umbanda são os mesmos do catolicismo
romano; porém com outra nomenclatura.
Algumas igrejas evangélicas, principalmente
as de linha neopentecostal, acredita que os objetos em si têm valores e forças
espirituais. A conversão somente não basta. É necessário fazer uma varredura
também no âmbito físico para se proteger de qualquer ação demoníaca que possa
agir por meio daquele ‘elemento amaldiçoado’.
O que a Bíblia diz a respeito? Muitos
dos que fomentam tal ensino tem por base algumas passagens do Antigo
Testamento, e acabam misturando suas crenças com o ensino “cabalístico judaico”. Estes ensinos, o da cabala, são muitos
parecidos com o da Nova Era. Mas o que o Novo Testamento diz a respeito? O que
disseram Jesus e os Apóstolos?
I.
O
EXTERIOR DO COPO NÃO AFETA O INTERIOR, MAS O CONTRÁRIO.
a.) A conversão é uma operação de Deus no
CORAÇÃO do homem e não no objeto físico. Muitos
ungem carro, cachorro, casa, mas esquece de ungir o coração, de onde provem os
homicídios, adultérios e toda sorte de pecado. Quando não há uma verdadeira
conversão, de fato, não é o objeto de sua casa que traz maldição, mas a forma
de como você o maneja, e ainda, se for sem nenhuma utilidade, o porquê ainda
usa:
“Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos
humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da
carne” (Cl 2.11 NVI)
b.) Tudo o que era feito por meio de rituais
no Antigo Testamento foi cumprido em Cristo. Os rituais e as leis
cerimoniais foram “consumadas na cruz do calvário”. Os únicos sacramentos
ordenados pelo Senhor Jesus que contem algum “elemento físico” é o ‘batismo’ e
a ‘ceia do Senhor’. As Escrituras foram cumpridas com suas ordenanças nesta
frase: “Está consumado”: “Portanto, não
permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a
alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de
sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém,
encontra-se em Cristo” (Cl 2.16-17NVI)
c.) A crença que objetos podem
conter bênçãos ou maldições são preceitos e doutrinas de homens. Paulo nos diz em colossenses que o físico se destrói com o tempo.
Precisamos deixar claro que em nenhum lugar do Novo Testamento, principalmente
no início da era cristã (após Jesus ter sido elevado aos céus), não respalda qualquer
tipo de crença em darem-se valores e poderes espirituais em objetos. Isso foi
ensinado pelos homens e nada tem haver com as Escrituras. Se o objeto tivesse
valor em si, espiritualmente, ele não se desgastaria conforme diz Paulo
exortando a respeito de superstições do que é tangível: “Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares
deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a
regras: “Não manuseie!”, “Não
prove!”, “Não toque!”? Todas essas coisas estão
destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos
humanos” (Cl 2.20-22 NVI)
d.)
Os
místicos se preocupam mais com as mãos do que com o coração.
Temos que tomar cuidado para não cair na religiosidade dos fariseus. Eles se
importavam mais com o exterior do que com o interior. Eram pragmáticos! Auferiam
bênçãos quando estavam em maldição. Ao invés de pesquisarem na Torá a forma
verdadeira de se prestar o culto a Deus se apegavam a doutrinas que
aprisionavam as pessoas, ensinada pelos seus líderes: “Os
fariseus e alguns dos mestres da lei, vindos de Jerusalém, reuniram-se a Jesus
e viram alguns dos seus discípulos comerem com as mãos "impuras",
isto é, por lavar. (Os fariseus e todos os judeus não comem sem lavar as
mãos cerimonialmente, apegando-se, assim, à tradição dos líderes religiosos.
Quando chegam da rua, não comem sem antes se lavarem. E observam muitas outras
tradições, tais como o lavar de copos, jarros e vasilhas de metal.)” (Mc 7:1-4
NVI)
e.)
Deus
não aceita a adoração idólatra baseada nos ensinos que colocam julgo sobre as
pessoas. Um objeto físico jamais atrapalhará os planos de Deus. O
cristão verdadeiro, nascido da água e do Espírito, que produz os “frutos do
espírito”, de fato, cumpre o que a lei ordena (nos méritos de Cristo; por força
do Espírito Santo). Não com a força do seu próprio braço, fisicamente, mas
porque se despojou do velho homem, e adora a Deus e segue os seus ensinos, ao
invés de doutrinas humanas anti-bíblicas: “Em vão me
adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens”. (Mc 7:7
NVI).
II.
ARGUMENTOS
DOS QUE DEFENDEM ESTE ENSINO
a.)
Os efésios queimaram os livros com ensinos do
ocultismo: “Grande
número dos que tinham praticado ocultismo reuniram seus livros e os queimaram
publicamente” (At 19.19 NVI).
Éfeso era o centro dos encantamentos!
O povo era místico! Entretanto, o que foi queimado foram os livros e não os
elementos usados nos rituais. Certo que, por inferência, concluímos que os
mesmos foram jogados fora. Ninguém se converte a Jesus e continua com uma
imagem de “nossa senhora da aparecida” na
sala ou com trevo de quatro folhas na carteira. O problema não está no objeto,
mas na forma em que era usado. Os livros foram queimados não pelos possíveis poderes
de maldição trazidos no objeto (papel), mas no seu conteúdo, nos ensinos. Se
não fossem exterminados, poderiam ser usados por outros para praticarem tal
coisa. O problema não está no objeto, mas no coração que conduzirá a fazer algo
com o mesmo.
b.)
O ídolo material é usado como templos de demônios: “Não!
Quero dizer que o que os pagãos sacrificam é oferecido aos demônios e não a
Deus, e não quero que vocês tenham comunhão com os demônios. Vocês não podem
beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios; não podem participar da
mesa do Senhor e da mesa dos demônios”. (1 Co 10:20-21 NVI).
Paulo na mesma carta, no versículo
anterior, faz uma pergunta: ... “ou o ídolo é alguma coisa” (1 Co10:19)?
A resposta está no capitulo oito da mesma carta: ... “sabemos
que o ídolo não significa nada no mundo e que só existe um Deus” (1 Co
8:4). O salmo 115 diz que os ídolos são feitos por mãos humanas; tem boca, mas
não fala; tem mãos, mas não toca; tem nariz, mas não cheira. E aqueles que
acreditam neles “tornam-se mortos” assim como eles são. Satanás usa o objeto
para nos aprisionar. Não colocando força no elemento físico, mas seduzindo-nos
conforme as concupciências de nosso coração, que é pecaminoso e mentiroso. O
dinheiro pode se tornar um ‘deus’ chamado ‘mamon’. Vou jogar ele fora? Não!
Contudo, quando sou servido por ele, é de benção; mas quando ele se torna
‘senhor’, vira maldição. De fato, o problema é o coração, o interior, e não o
exterior do copo.
CONCLUSÃO
A Bíblia diz que “onde abundou o
pecado superabundou à graça”. Ninguém precisa jogar o carro fora por outrora
ser usado como meio de prostituição ou meio de transporte de todo tipo de
pecado. Se fosse assim, as igrejas não poderiam ser abertas em lugares que
foram “antros de perdição”. Paulo nos ensina que, podemos servir e consagrar a
Deus aquilo que era instrumento de perdição e veiculo físico para o pecado para
benção e meio de salvação: “Assim como vocês ofereceram os membros dos seus
corpos em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade, ofereçam-nos
agora em escravidão à justiça que leva à santidade” (Rm 6:19
NVI).
O que adianta eu jogar fora uma peça
de roupa que usava na balada com minha ex-namorada, e continuar telefonando
para ela? O que adianta eu ungir toda minha casa, chamar os ‘especialistas’ de
batalha espiritual para fazer um raio-x para averiguar o que está de errado
dentro do meu lar, mas tratar minha esposa, meu filhos, sem os frutos do
espírito? O problema não é o objeto! O problema está em você! Não é o objeto
que tem que ser removido (se precisar é bom, não pela questão do misticismo,
mas de lembranças ou de algo que vai fazer você cair por te atrair), mas você é
que precisa ser tratado nesta área. O poder maligno não isenta a
responsabilidade humana!
Não adianta sair do ‘Egito físico’ e
levar dentro de si o ‘Egito espiritual’! O segredo está em negar a si mesmo,
caminhar pelo estreito, crucificar as paixões e concupciências. Como está
escrito: ... “nem
circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo
amor” (Gl 5:6 NVI). O cristão que ama a Deus acima de todas, pela fé, ao
invés de purificar o objeto, purifica-se a si mesmo: “Todo
aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é
puro”. (1 Jo 3:3 NVI).
O objetivo deste estudo é esclarecer
o povo de Deus. Muitos estão aprisionados na “teologia do medo”! Não tem paz
porque pensam que o Diabo está os retaliando por fazerem a vontade de Deus, ou
destruindo por terem ‘dado brechas’. Nossa fé tem que ser equilibrada, sadia,
que produz vida. Meu desejo é que, aqueles que propagam este ensino, seja convencido
pelas Escrituras, e em humildade, o que é digno, reconsiderem suas convicções
nesta crença, que tem sido nociva a fé pura e simples em Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Concluímos este estudo com as palavras
e ensino de Nosso Deus e Senhor Jesus Cristo:
“Nada
há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do
homem, isso é que o contamina”. (Mc 7.15 ARC)
"Não percebem que o que entra pela boca
vai para o estômago e mais tarde é expelido? Mas as coisas que saem da
boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem ‘impuro’. Pois do
coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades
sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. Essas coisas
tornam o homem ‘impuro’; mas o comer sem lavar as mãos não o torna ‘impuro”. (Mt
15.17-20 NVI)
SOLI DEO GLORIA!
Fabio
Campos