Por Fabio Campos
Texto
base: “Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR. Louvai ao
SENHOR”. (Sl 150:6 ACF)
Deus me agraciou com o dom de tocar
cavaquinho! Antes de minha conversão, o banjo falava alto nas rodas de samba, e
o cavaco chorava nos tempos de carnaval! Hoje não participo do ministério de
louvor da minha igreja! Creio que meu chamado seja no “Estudo das Escrituras”!
Porém, nossa igreja tem uma bateria e um grupo de samba, ambos voltados para o
evangelismo! Muitas das vezes contribuo com os irmãos com o dom dado a mim.
Benção!
Infelizmente, alguns irmãos têm um “pré-conceito”
a respeito dos que usam esse tipo de instrumento para louvar ao Senhor. O mais
triste é que a maioria que critica os que fazem algo, não fazem nada! Nunca
deram a “cara bater” em uma “biqueira” para falar do amor de Cristo: “Deus já predestinou os que hão de herdar a
salvação, então não sou eu que vou lá anunciar”, pensam sem “pensar” por
meio das atitudes em seus corações.
Particularmente, prefiro um sambinha a
uma música clássica! Questão de gosto! A Bíblia inteira está voltada a está
ordenança: “Tudo o que tem fôlego louve ao Senhor”. Muitas igrejas iriam se
escandalizar com as festas judaicas do Antigo Testamento. O salmo 150 talvez
seja o principal texto que fala a este respeito! No verso 1 fala de se louvar a
Deus no templo; louvai no firmamento do seu poder! Uma música bonita, com uma
letra que exalta a criação, de fato já o louva! O ímpio sem saber louva a Deus,
quando seu dom natural para a contribuição de algo é notado (graça comum). João
Nogueira “pregou” o Evangelho sem saber quando cantou o seguinte trecho:
O
céu é a bandeira se abrindo
Pro
rancho mais lindo dos ranchos que há
O
mar é uma só passarela
É
a maior e a mais bela pra se desfilar
O
sol é o corso de gala
É
o carro abre-ala que clareia o mar
A
flor é a simplicidade
Que
enfeita a cidade pro rancho passar
E
o rancho da natureza vai se apresentar
A
luz espalhada na rua
É
a candeia da lua, é a lanterna do sol
A
cor é a cor que pedires
Tem
todo arco-íris no seu enxoval
O
som é o vento soprando no mundo
E
criando todo o instrumental
A
paz é o bem que se sente
Você pode me perguntar: “Que Heresia
é esta? João Nogueira pregador?” Pois é! Nogueira tornou indesculpável todo o
homem que já ouviu esta música: “Pois desde a criação do mundo os atributos
invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos
claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma
que tais homens são indesculpáveis” (Rm 1.20 NVI). Jesus é o Criador disso tudo: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele;
sem ele, nada do que existe teria sido feito”. (Jo
1:3). Onde quero chegar? “Os céus
declaram a Glória de Deus”. Por isso que o Teólogo Norman Geisler disse: “Não tenho fé suficiente para ser ateu”.
Todas as coisas criadas apontam para o ‘Ser de Deus’. Tudo, sem saber, fala de
Deus!
Agora, imagine os músicos do salmo
150 chegando às igrejas “clássicas” e “piedosas” desses irmãos. Um povo
carregando trombeta, harpas, liras, adufes (pandeiro), flautas, pratos (que por
sinal faz um barulho)? Imagina “esse povo” na igreja dos caras onde nem palma
batem por dizerem que ritma as músicas do mundo? O verso cinco manda fazer
barulho! Creio que o som sonoro era como de uma bateria de escola de samba! O
louvor engradece a Deus. A música que engradece a Deus não se restringe a um
único estilo, mas nas motivações da alma (Sl. 146.1). “Amai a Deus com toda sua alma”, é o
mandamento. O louvor que provem da alma pode ser com qualquer instrumento, mas
ele é perpetuo (Sl 146.2). Gosto de louvar a Deus com o meu cavaquinho, e isto
por tornar-se mais agradável, diferente de um órgão (o qual também admiro), é
aceito diante de Deus simplesmente por ser AGRADAVÉL (Sl 147.1).
O mundanismo não está no instrumento!
O mundanismo está no coração: “Para os
puros, todas as coisas são puras; mas para os impuros e descrentes, nada é
puro” (Tt 1:15 NVI). O problema não está no exterior do copo, pois o que vem
de fora não corrompe o homem. Mas são do coração que saem os homicídios, os
adultérios, as porfias, as dissenções, o orgulho, a soberba, e etc. Com a mesma
música e dança que Deus aceitou quando em santidade, com as mesmas Ele condenou
por ter sido usado de modo errado (Jz 11.34; 21.21 / 1 Sm 30.16; Jó 21.11/ Mc
6.22).
Existe muitas “Micaus” repreendendo a
Davi sem saber de fato o que se está no coração. Em 2 Sm 6 o rei dançou bonito: “Davi, vestindo o colete sacerdotal de linho, foi
dançando com todas as suas forças perante o Senhor” (V. 14).
Nós rejeitamos o louvor, mas Deus o recebe! Era isso o que estava acontecendo!
Que feio, hein irmão! Imagina o “carão” diante de Deus?! A “Mical’ julga pelo
exterior conforme sua própria imagem e semelhança (V. 16). Os “piedosos”
julgam: “como pode uma igreja evangélica
tocar samba”? Segura aí Mical: “Voltando
Davi para casa para abençoar sua família, Mical, filha de Saul, saiu ao seu
encontro e lhe disse: "Como o rei de Israel se destacou hoje, tirando o
manto na frente das escravas de seus servos, como um homem vulgar” (2 Sm
6:20 NVI). Mas os servos de Deus, na postura de Davi, respondem: “Mas Davi disse a Mical: "Foi perante o Senhor
que eu dancei, perante aquele que me escolheu em lugar de seu pai ou de
qualquer outro da família dele, quando me designou soberano sobre o povo do
Senhor, sobre Israel; perante o Senhor celebrarei e me rebaixarei ainda
mais, e me humilharei aos meus próprios olhos. Mas serei honrado por essas
escravas que você mencionou" (2 Sm 6.21-22 NVI). Resumindo: “Não estou nem aí
para o que você pensa quando julga o exterior! Vou louvar a Deus com o meu
Cavaquinho, pandeiro e surdo! Como é bom sentar em uma roda de samba, onde os irmãos
são puros de coração, e fazer um samba bem feito!
Os exageros existem! Já que vai tocar
nas igrejas e evangelizar, siga o ensino de Lutero: “O louvor é um sermão cantado”. Temos que tomar cuidado com as
letras, mesmo sendo evangélicas. Aliás, tem muito louvor evangélico que é uma
afronta a Deus, mas deixemos isto para outro estudo. A sensualidade nas danças,
a extravagância, e outras coisas que tornam para si o olhar, não é louvor a
Deus, mas a carne. Nisto temos que tomar muito cuidado. Satanás caiu assim, por
não ter glorificado, e ainda querendo tomar o trono. Precisamos tomar nos
acautelar também com estes “louvorzões” promovidos pelas estrelas gospel! Só
tem louvor, mas a Palavra, o principal, falta! João Calvino disse que “a parte mais importante na liturgia cristã
é o momento da pregação, pois no louvor nós que falamos a Deus, e na hora da
ministração, Deus é quem falando conosco”. Este é o alerta que fica!
Irmãos, vamos louvor a Deus em
espírito em verdade. “Não é mais em Samaria nem em Jerusalém que se adora, mas
os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade”. Vamos
celebrar a Deus! Vamos tocar nosso instrumento seja ele qual for, em santidade,
em louvor, Aquele que vive, Jesus Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
“Chora Cavaco”...!
SOLI DEO GLORIA!
Fabio Campos